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Governo novo versus novo governo

É já no próximo domingo que vamos votar para a escolha de um novo Parlamento e, consequentemente, de um Governo; todavia, o mais importante é que dessa escolha resulte um Governo Novo na sua eficiência, audácia, estadismo e ação reformadora e que ponha à frente da sua missão os interesses do país e do povo, que é como quem diz: não vamos votar para um novo Governo, mas para um Governo Novo.

Porém, se bem pensarmos, a nossa Democracia tem, ao longo dos últimos tempos, sofrido constantes atropelos e desvios nos seus princípios, projetos e valores; e, inclusive, os candidatos que são apresentados pelos partidos políticos ao escrutínio popular têm revelado menos formação política e empenho social e maior virar de costas e ouvidos surdos às necessidades e carências básicas do povo.

Pois bem, não é na Democracia que reside a culpa destes desinteresses e manipulações, porque ela é na sua essência, génese e ação, fautora de liberdade, igualdade de oportunidades, solidariedade e justiça social para todos; mas, contrariamente, estes princípios e valores têm sido esquecidos, deturpados e, até, vilipendiados de que resulta um evidente retrocesso e apagamento da nossa desejada e tantas vezes prometida vida democrática.

Todavia, mesmo que descrentes, desiludidos e infelizes com o rumo que a Democracia tem levado isto não é, nem de longe, nem de perto, motivo para lhe virarmos as costas ou baixarmos os braços e desistindo de lutar; e, obviamente, deixarmos de acreditar na força regeneradora e dinamizadora que lhe é inerente bem capaz de a relançar e impulsionar num ápice.

Pois é, então, as eleições legislativas de Domingo têm de ser um bom momento, o momento certo da desejada mudança versus a indesejada continuidade que nos tem assistido; e mesmo que as sondagens não mostrem no eleitorado mais velho tal vontade ela é óbvia, porque natural, no eleitorado mais jovem o que, à·partida, pode ser uma boa oportunidade para mudar, restituindo à vida democrática a sua pureza, originalidade e alcance axiológico.

Vamos, pois, votar, temos de votar para que não permitamos que os possíveis políticos incompetentes, desonestos, mal-intencionados e corruptos assaltem o poder e nele se instalem; e, até, porque se virarmos costas às urnas vamos abrir-lhes as portas e entregar-lhes de bandeja, de mão beijada o comando dos destinos do país, mesmo que não possuam as qualidades e o pendor estadista para governar.

Ademais, é grande ingenuidade pensarmos que se a abstenção crescer os políticos assustam-se e as coisas podem mudar para melhor; mas, se assim o número de votantes for inferior ao número de abstencionistas, há sempre quem forme governo e governe, embora tal situação, por falta de legitimidade democrática, acabe sempre por arrastar o país para a instabilidade e para a ingovernabilidade caindo, obviamente, no caos económico e social.

Então, o que temos a fazer é impedir que isso aconteça; e para que tal assim seja, mostre a sua maturidade política e vote com empenho e clareza e, assim, não dará oportunidade aos maus políticos de tomarem o poder e obterem de mão beijada os louros e benefícios de uma governação que facilmente se tornará negativa e dramática para o país e para o povo; e, como consequência óbvia pode acontecer que se abra caminho às boas e urgentes políticas que lancem o rumo certo para a necessária defesa e vitalidade da Democracia de que resultará o progresso económico e social e, concomitantemente, o bem-estar de todos nós.

Mas, pense bem antes de decidir em quem votar e não se abstenha de modo nenhum; e, em última análise, se está hesitante e não quer entregar o seu voto a quem lhe não dá confiança e segurança, vote branco, mas vote, até porque o voto branco tem sempre uma leitura política e é, em democracia, uma forma permitida e válida de protesto contra os maus políticos e as más políticas que infalivelmente resultam do seu trabalho.

Então, até de hoje a oito.

Dinis Salgado

Dinis Salgado

14 maio 2025