Em pleno Jubileu da Esperança, foi sumamente reconfortante ouvir dos lábios do novo Papa este clamor que já abanou os corações: «O mal não prevalecerá».
À Igreja e ao mundo, Leão XIV apresentou-se como portador da «paz desarmada e desarmante, humilde e perseverante» de Cristo Ressuscitado.
Efetivamente, não é com armas que o mal será derrotado. Pelo contrário, o mal tem prosperado com a teimosa adulteração do «Amai-vos uns aos outros» num insuportável «Armai-vos uns contra os outros».
Só que «Deus ama-nos a todos». E é nas Suas mãos que nos encontramos. Pelo que no regresso a Deus estará sempre o ingresso na paz.
A mensagem de Leão XIV, a formação agostiniana e a escolha do nome prenunciam um marcante farol de esperança.
Fazendo parte da Ordem de Santo Agostinho, remete-nos desde logo para a incessante procura de Deus, o Único onde repousa verdadeiramente o nosso coração.
Agostinho nunca dissociou Deus do amor. Apenas quem vive o amor consegue ver Deus.
Este inspirador do novo Sucessor de Pedro, desafiando todas as evidências, sentenciou que «se formos bons, os tempos serão bons».
Acresce que, tendo em conta que «nomen est omen» (a escolha do nome é um programa), Leão XIV não pode deixar de nos fazer evocar Leão XIII, que foi Papa entre 1878 e 1903.
Este grande Pontífice fez renascer o pensamento de São Tomás, externalizou uma grande devoção por Nossa Senhora e tornou-se praticamente o promotor da Doutrina Social da Igreja.
Foi ele que – a 15 de maio de 1891 – publicou a encíclica «Rerum Novarum» sobre a condição dos operários.
Com arrojada intrepidez, denunciou «que é vergonhoso e desumano usar os homens como meros instrumentos de lucro». Entre os principais deveres dos patrões colocou, «em primeiro lugar, o de dar a cada um o salário justo».
Dar a voz aos desvalidos deste mundo, por quem Jesus teve entranhadamente um amor de predileção (cf. Mt 25, 40), tornou-se uma prioridade para a Igreja de Cristo.
A centralidade de Cristo empurra-nos para as periferias, onde subvivem os prediletos de Cristo.
Ainda vamos a tempo? Não esqueçamos que Santo Agostinho assinalou que a esperança tem duas «filhas», duas «filhas lindas».
Uma chama-se «indignação» e a outra «coragem». A «indignação ensina-nos a não aceitar as coisas como elas estão; a coragem incita-nos a mudá-las».
A conversão a Cristo ocorre sempre na esperança que não engana (cf. Rom 5, 5). Nós somos discípulos de Cristo e depositários do Seu Mandamento Novo (cf. Jo 13, 34).
Leão XIV recorda que «Cristo precede-nos» e que «o mundo precisa da Sua luz. De facto, «a humanidade precisa de Cristo como a ponte para ser alcançada por Deus e pelo Seu amor».
Uma Igreja (saudavelmente) «obcecada» por Cristo será parceira da humanidade na vitória sobre o mal que gangrena a nossa vida.
Muito obrigado, Santo Padre, por Se disponibilizar a conduzir-nos nesta missão. O mal não passará!