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Uma imagem mais “soft”

 

 



 

Eu cá nunca conheci ninguém com intenções de me enganar que fosse antipático. Talvez seja uma afirmação algo polémica, contudo irá servir de teor à minha conversa escrita de hoje. Trata-se da aparente ‘metamorfose’ operada em determinados candidatos a Primeiro-ministro (PM) do país às eleições legislativas do próximo 18 de maio. Sobretudo nos líderes dos partidos políticos que militam na 1ª divisão, ou seja, com assento na Assembleia da República (AR). Tendo-me surpreendido o facto a moderação, cordialidade e simpatia registadas entre eles.

Pelo menos fiquei com a ideia que alguns possam ter recorrido a fármacos da psiquiatria para se mostrarem calmos, sorridentes e relaxados, ainda que a conselho dos respetivos assessores de imagem. Se não foi assim, peço desculpa, pois de forma alguma pretendo depreciar o caráter dos nossos políticos, sejam eles de que partido forem. Porém, vi-os como uma espécie de vendedores de banha da cobra, tudo prometendo com o fito de terem quem lha compre. Para uma vez eleitos lá voltarem a remendar, aos bochechos, o SNS, a Justiça, Educação, Habitação, etc

A meu ver, os debates não trouxeram nada de novo: foram mornos, repetitivos e sem que viessem à liça as questões europeias e mundiais. Tudo se ficou, quase, pelos negócios, clientes, casas e contas bancárias de um PM demissionário e potencial candidato à chefia do Governo. Assim como pelo palavrório, centrado naquilo que o povo mais gosta de ouvir: bons salários, melhores pensões e reformas; menos dias e horas de trabalho; mais pausas e tempo de lazer; distribuição de subsídios; casas baratas, etc. Tudo medidas de encher o olho ao eleitorado que tenderá a convencer-se de que assim será. 

É que eles sabem que não convencem a populaça se pisarem no: aumento da receita; redução da despesa; aceleração do crescimento económico; emagrecimento do Estado; crescimento da produtividade; fomento da competitividade; captação o investimento interno e externo privados; racionalização da imigração; promoção ‘salazarenta’ da poupança, etc. Algo que pouco interessa aos despesistas do costume. Ou seja, aos cooperadores das três eminentes ‘bancarrotas’ na pátria lusa.

É compreensível haver alguma hesitação, mas nós, povo, lá teremos de escolher alguma força política que forme o próximo Governo. No entanto, temo que a decisão passe pelo voto no líder que se vem mostrando mais artificial e facilitador. O eleitor deverá, antes, ter em conta que nem só a bonomia, simpatia e imagem contam. Embora elas também pesem, há que prestar atenção à arte de manipular, tão em voga no nosso mundo.

Uma imagem mais soft também ocorreu na postura dos candidatos da 2ª divisão, ou seja, dos minipartidos sem assento parlamentar. Pois quando estava a contar com alguma ‘peixeirada’, vi neles alguma serenidade e bom senso. Os quais, sem deixarem de ter exposto os seus pontos de vista políticos, trouxeram à luz do dia algumas curiosidades como, por exemplo, a existência de um saco azul. Uma rubrica do OE de 13.000 milhões de euros, quase equivalente à da Justiça e Educação (juntas), sob silêncio, sem controle, nem escrutínio nos gastos. 

Segundo tem sido voz corrente, será improvável eleger um executivo que dê estabilidade governativa ao país. Pelo menos enquanto o sururu na AR for à volta de casos mediáticos apontados aos governantes. Daí a difícil escolha em quem votar. No entanto, é preciso ter presente que a opção deve passar por aquele que tem sido mais espontâneo e menos artificial para PM. Já que a simpatia e a bonomia forçadas poderão trazer-nos, no futuro, custosos amargos de boca e alguma desilusão.

Enfim, estamos confrontados com a possibilidade de existir uma maioria absoluta que dure pelo menos uma legislatura, ou uma eleição que dite uma maioria simples, mas em minoria no Parlamento. O que, neste caso, poderá levar a novo colapso governativo. Tendo ficado por esclarecer nos debates, à esquerda e à direita, quem se irá coligar com quem.



 

Narciso Mendes

Narciso Mendes

12 maio 2025