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Sacramento do Perdão

1. Há palavras chave na vivência deste Ano Jubilar: Esperança, Misericórdia, Perdão, Reconciliação. Todas levam ao confessionário, um espaço em alguns casos desprezado, esquecido, em alguns locais de culto inexistente. 

Refiro-me ao Sacramento da Penitência, também denominado da Reconciliação e do Perdão, cuja frequência vai diminuindo.  

Pessoalmente, a ele recorro com alguma regularidade. Sinto que me faz bem. Dá-me paz. Deixa-me a certeza de que, não obstante as minhas falhas, continuo a ser amado por Deus.

Na Bula de proclamação do Jubileu que estamos a celebrar o Papa Francisco referia-se-lhe nos números 5 e 23.


 

2. No começo da Missa há o ato penitencial, no qual somos convidados a reconhecer a condição de pecadores e a confiar no perdão e na misericórdia de Deus.

Todos somos pecadores. Afirmamo-lo publicamente ao rezar a Confissão: pequei muitas vezes por pensamentos, palavras, atos e omissões. E assumimos a responsabilidade disso mesmo, batendo no próprio peito ao afirmar: por minha culpa, minha culpa, minha tão grande culpa.


 

3. Quem afirma não ter pecados não diz a verdade, assevera S. João na sua primeira carta (1, 8-10):                                                                                                                                                                                                                                                                                            

«Se dizemos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos e a verdade não está em nós.

Se confessamos os nossos pecados, Deus é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a iniquidade. 

Se dizemos que não somos pecadores, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós».


 

4. A fim de obtermos o perdão dos pecados existe na Igreja o Sacramento da Penitência. Em circunstâncias normais, obrigatório para quem tem consciência de pecado grave e deseja ser perdoado por Deus. Sem isso não deverá comungar. Mas a quem só tem consciência de faltas leves não deixa de ser útil a graça sacramental, embora haja outras formas de obter o perdão.


 

5. Atuando in nomine et in persona Christi (em nome e na pessoa de Cristo, como instrumento Seu) o sacerdote confessor absolve todo o penitente que, arrependido e com o propósito de se emendar, solicita o perdão das faltas de que se reconhece culpado.

O Papa Francisco recomendava se não dificulte o perdão nem se converta o confessionário numa câmara de tortura.


 

6. No n.º 5 da referida Bula falava do acesso a este sacramento «na sua forma individual». 

Lembro que, em circunstâncias especiais, a Igreja permite as absolvições coletivas, de que, em minha opinião, se tem abusado, convertendo em regra a exceção.


 

7. A confissão sacramental perdoa o pecado. Restitui-nos a amizade com Deus, rompida pela prática do pecado grave. Mas há consequências desse pecado que, na medida do possível, devem ser reparadas. A absolvição do pecado não dispensa, por exemplo, o penitente de reparar as injustiças praticadas. Se, com o pecado cometido, prejudiquei alguém, a absolvição sacramental não me dispensa de reparar o dano causado.


 

8. No número 23 da citada Bula o Papa Francisco escrevia: 

«A Reconciliação sacramental não é apenas uma estupenda oportunidade espiritual, mas representa um passo decisivo, essencial e indispensável no caminho de fé de cada um. Ali permitimos ao Senhor que destrua os nossos pecados, sare o nosso coração, nos levante e abrace, nos faça conhecer o seu rosto terno e compassivo. Na verdade, não há modo melhor de conhecer a Deus do que deixar-se reconciliar por Ele (cf. 2 Cor 5, 20), saboreando o seu perdão. Por isso, não renunciemos à Confissão, mas descubramos a beleza do Sacramento da cura e da alegria, a beleza do perdão dos pecados».

Lembro que no próximo domingo, por iniciativa de João Paulo II, celebramos a Divina Misericórdia.

Silva Araújo

Silva Araújo

24 abril 2025