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ECOS DO NOSSO MUNDO Jesus no Templo - com 12 anos de idade

 



 

 

Segundo o Evangelho de S. Lucas, os pais do menino Jesus “iam todos os anos a Jerusalém, pela festa da Páscoa. Quando chegou aos doze anos de idade, indo eles a Jerusalém segundo o costume daquela festa, acabados os dias que ela durava, quando voltaram, ficou o menino Jesus em Jerusalém, sem que seus pais o advertissem. Julgando que ele fosse na comitiva, caminharam uma jornada, e depois procuraram-no entre os parentes e conhecidos. Não o encontraram, voltaram a Jerusalém em busca dele. Aconteceu que, três dias depois, o encontraram no Templo sentado no meio dos doutores, ouvindo-os e interrogando-os. E todos os que O ouviam, estavam maravilhados com a Sua sabedoria e com as Suas respostas”. (Lucas, 2 – 41,48).

Presentemente estamos a viver o auge das festas da Páscoa. Tempos de reflexão, de nos predispormos a cavar bem fundo o nosso ser e, se possível, passar a existir um homem novo em cada um de nós. Sendo assim, como é evidente, move-nos o acreditar e o acolher a Família de Nazaré, que permite apaixonarmo-nos pela Pessoa de Jesus Cristo, porque Pessoa de sempre e para sempre. E porque é tempo do Cristo dos cristãos, curiosamente, num papel excessivamente amarelo e semi-apodrecido que há cinquenta anos encontrei, lê-se:

Jesus entre os doutores no Templo também brincava enquanto falava, com um ramo verde que espalhava em volta, aromas deliciosos”, e que disse “no meio dos doutores”:

“A caridade, póde vir do mais humilde: não é preciso possuir minas na terra para matar a fome de um pobre: basta um pedaço de pão;

A lan de uma ovelha combate o frio do mais rigoroso inverno; uma gotta de balsamo alivia a dôr mais forte.

Parece-te muito que uma criança attraia adultos á sua palavra: quando os corações são bem formados, para chamá-los á piedade não é preciso mais que um ai!

Não sei do que dizem os livros, mas muito tenho aprendido com o sofrimento dos homens.

O que saborêa o vinho nem sempre conhece o gosto natural da uva. Uma coisa é comer o pão, outra é vê-lo fazer.

Eu sou como aquelle que apanha o fruto da vinha ou como o segador que faz o molho de trigo: sei como soffre a uva no lagar e quanto padece o grão no moinho: vejo correr o sangue da vida e ouço a trituração dolorosa da pedra que móe o grão.

Os livros são recadeiros indiferentes: contam, não fazem vêr. Não é o mesmo saber da morte e vê-la. Quem lê presume, quem vê participa do bem ou do mal – goza ou padece. Eu vejo.

Não admiras as palavras pelo seu valor senão por virem de mim, que ainda hontem balbuciava, e parece-te estranho que tão grande mó de gente se reúna para ouvir-me e louve o que digo. É que todos que aqui se ajuntam trazem a alma preparada para a doutrina.

Um leão manso póde ser conduzido por um menino e para domesticar um onagro trazido do deserto não basta a força de dois homens.

A ovelha trasmalhada na selva embraceve, o tigre tratado com humanidade roja-se submisso e come á mão do domador. Assim uma criança pode falar a adultos desde que os encontre aderençados”.

Formulo votos sinceros de Santa Páscoa para toda a Humanidade, principalmente para todos os que sofrem por doenças, fome e guerra. 



 

(P.S. A ortografia do papel encontrado, anterior a 1945, foi rigorosamente respeitado)



 

Artur Soares

Artur Soares

19 abril 2025