twitter

O Minho e a regionalização

O Minho, território que abarca a área correspondente aos antigos distritos de Braga e Viana do Castelo, tem uma superfície aproximada de 5000 Km2 e mais de um milhão de habitantes e aporta cerca de 10% ao PIB Nacional, o que o torna superior à maioria das regiões do País e a muitas das regiões da Europa dotadas de autonomia administrativa. Mas o Minho não é só isto. São as cidades carregadas de História onde se podem descobrir as marcas da origem da nacionalidade ou a beleza das pequenas povoações que bordejam a Ribeira Minho e Lima, as majestosas montanhas que constituem as serras de Agra, Soajo, Peneda e Gerês e Cabreira e os verdes constantes dos campos e da paisagem.

Quando alguém sugere a criação de uma Área Metropolitana do Minho integrada na Região Norte ou até de uma Região do Minho, há sempre quem, atiçado por não ver além do seu umbigo, se confronte com o fantasma da eventual predominância do concelho de Braga nessa futura arquitetura regional. Esta ideia só servirá ou para justificar um bairrismo doentio ou para ser arma de arremesso na praça da luta política.

Vem isto a propósito, dos últimos desenvolvimentos resultantes da visita de um ministro à região minhota.

A presidência da Câmara de Guimarães, um dos concelhos que fazem parte do quadrilátero urbano (Barcelos, Braga, Famalicão e Guimarães), perante a alusão à criação de uma Área Metropolitana do Minho, ia sendo frita pelo partido da oposição que rasgou as vestes perante o sacrilégio da criação de tal monstro. Tal criatura iria alimentar o ogre que, segundo os mesmos, é a cidade de Braga. Este tipo de posturas têm sido uma constante ao longo da história destas duas cidades, com prejuízos evidentes não só para as ditas, como para as restantes urbes do Minho.

Uma Área Metropolitana do Minho ou Região do Minho, como unidade administrativa dotada de capacidades para distribuir de forma equitativa a riqueza produzida, fluxos financeiros atribuídos pelo governo central e fundos europeus, seria a terceira região do País e a sua implementação potenciaria sinergias que beneficiariam todos os concelhos minhotos. Assim sendo, os interesses dos minhotos ficariam muito mais protegidos se integrados numa futura Área Metropolitana ou Região do Minho, porque a sua população se encontra distribuída de forma equitativa pelos vários concelhos que a constituem, do que integrados numa região onde o “Grande Porto” continuará a sorver a maior parte dos investimentos destinados àquilo que tem vindo a ser denominado como Região Norte.

Neste contexto e num futuro debate sobre a regionalização, ou os minhotos são capazes de lutar pela sua autonomia esbatendo as suas diferenças, das quais o quadrilátero urbano é um bom exemplo, ou estarão irremediavelmente condenados a ser periferia do “Grande Porto”, comprometendo o futuro desenvolvimento harmonioso de uma região e das suas gentes.

default user photo

J. Plácido Braga

11 abril 2025