Uma jovem camaronesa que foi vítima de tráfico humano vai marcar presença na inauguração do Presépio ao Vivo de Priscos, marcada para o dia 10 de dezembro, às 11h00.
Nadege Ilick passou pela Argélia, onde foi enganada com promessas de trabalho e acabou numa casa de alterne. Conseguiu fugiu para a Líbia, onde acabaria por ser raptada por guardas prisionais. Na prisão foi espancada e torturada apesar de estar grávida. Com a ajuda do atual marido conseguiu fugir e foi socorrida pelo navio humanitário ‘Sea Watch’ que atracou, mesmo sem autorização, no porto de Lampedusa, no verão de 2019. A Itália fechou-lhe as portas, mas Portugal recebeu-a de braços abertos. A camaronesa foi acolhida pelo Colégio Luso-Internacional de Braga (CLIB), sendo acompanhada de perto por Helena Pina Vaz, a diretora, e por diversos voluntários e instituições bracarenses.
Este ano, na XVII edição do Presépio ao vivo de Priscos, a organização quer ajudar figurantes e visitantes a refletir sobre o tema “Tráfico de Seres Humanos”, um crime contra a liberdade pessoal e que constitui uma das formas mais graves de violação dos direitos humano. Um «fenómeno complexo», nas palavras do padre João Torres, da paróquia de Priscos, «na maioria dos casos transnacional, de natureza oculta e em permanente mudança».
«Envolve o recrutamento e a movimentação de pessoas entre fronteiras internacionais ou dentro de um mesmo país, com o objetivo de as sujeitar a diversos tipos de exploração», explica.
Segundo o relatório da Global Organized Crime Index, «Portugal é sobretudo um país de destino do tráfico de seres humanos, sendo a exploração laboral a forma mais prevalecente deste crime», mas destaca-se ainda como “ponte” na rota da América Latina para a Europa, com este tipo de criminalidade a revelar-se subnotificada. O documento revela que, predominantemente, as vítimas menores são rapazes da Roménia - maioritariamente explorados para adoção, trabalho, mendicidade ou sexo, enquanto as vítimas adultas provêm sobretudo de países africanos.
O Presépio ao Vivo de Priscos é organizado desde 2006. É um espaço de 30.000 m2 que conta com mais de 90 cenários e 600 figurantes. Procura colocar no centro da época natalícia a figura de Jesus como instrumento de promoção humana e social. A grande novidade deste ano é um acampamento militar, «como um alerta para compreendermos que a guerra não pode ser solução para coisa alguma».