Cinquenta anos depois da realização do Congresso Internacional de Estudos, com o tema “A arte em Portugal no século XVIII”, sugerido ao Município de Braga pelos historiadores de arte Flávio Gonçalves, da Faculdade de Letras do Porto, e Robert Smith, da Universidade da Pensilvânia (EUA), reconhecido investigador do Barroco em Portugal e da obra de André Soares, a Fundação Bracara Augusta e a Câmara Municipal de Braga disponibilizaram online as atas do histórico congresso. Os documentos estão agora acessíveis através da Biblioteca Digital do Cávado – Aqualibri.
A medida foi avançada, esta Quinta-feira, pelo presidente da Fundação Bracara Augusta, Miguel Bandeira, durante a conferência “Robert Smith: 50 anos do Congresso Internacional em Braga”, que reuniu no Museu dos Biscainhos prestigiados especialistas e investigadores nacionais e internacionais da área da história da arte Barroca.
A iniciativa inserida no âmbito das Jornadas Europeias do Património e da Braga Barroca que está a decorrer na cidade até domingo, dia 24 de Setembro, teve como principal objectivo demonstrar a importância para Braga e para a expressão do Barroco em Portugal, o trabalho de investigação realizado pelo norte-americano Robert Smith e o congresso internacional realizado em 1973.
O Salão Nobre do Museu dos Biscainhos, uma obra de excelência do barroco na arquitectura civil portuguesa, foi “o cenário perfeito, adequado e propício para esta reflexão e debate” como referiu Miguel Bandeira. O responsável adiantou ainda que “o Barroco a par do Romano têm vindo a merecer uma referência importante para a cidade, assumindo-se na afirmação de marcadores identitários de Braga”.
Visivelmente satisfeito com o tema e com o leque de convidados da conferência, Miguel Bandeira recordou a relevância do Congresso Internacional de 1973, no contexto nacional e internacional, reunindo figuras marcantes e constituindo um marco científico-cultural.
O presidente da Fundação Bracara Augusta adiantou ainda que a conferência teve esta edição como tema principal as Artes e a Arquitectura, ficando para 2024 os temas da Música e da Literatura.
A investigadora do Instituto de História da Arte, da Universidade Nova de Lisboa, Silvia Ferreira, traçou o percurso da vida e trabalho de Robert C. Smith, uma figura intimamente ligada à história da arte em Portugal e as suas “descobertas” em relação a André Soares. Cosmopolita e intelectual culto, Smith continua a ser considerado um dos mais eminentes investigadores da arquitectura e das artes decorativas portuguesas – talha, mobiliário, porcelana, azulejaria, ourivesaria – do período barroco.
Depois da intervenção da investigadora seguiu-se uma mesa redonda, tendo como convidados Paula Virgínia Bessa, Miguel Seromenho, Luís Alexandre Rodrigues e Eduardo Pires de Oliveira, que debateram vários períodos do Barroco, Rococó e Tardo-Barroco em Portugal e as suas figuras.
Refira-se que André Soares, conhecido como o génio do Barroco, produziu dezenas de obras de arquitectura, talha, ferro, desenho e cartografia, destacando-se pela criatividade e ousadia. O seu primeiro grande projecto foi o novo Paço Arquiepiscopal de Braga, hoje Biblioteca Pública de Braga. Seguiram-se na cidade mais 21 obras, realizadas nos Paços do Concelho, no Mosteiro de Tibães, no Palácio do Raio, no Santuário da Falperra, na Igreja e Convento dos Congregados e no Bom Jesus. O seu talento estende-se pelo Norte do país.