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Cenário negro

Na reunião realizada ontem no Infarmed, Manuel Gomes da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, traçou um dos cenários mais negros no que diz respeito à evolução da pandemia em Portugal. Se não forem tomadas medidas, a 19 de janeiro poderemos ter 18 mil casos por dia e no final do mês de janeiro poderão ser cerca 37 mil, avança o especialista. Mais estima o epidemiologista, que as previsões apontem para 154 óbitos diários no final da próxima semana. Números preocupantes para quem pretendia a antiga normalidade, pois ao fim de 10 meses de pandemia não se consegue vislumbrar a luz ao fundo do túnel. E se a situação já era preocupante com este cenário naturalmente que as preocupações se agudizam pelo que se espera das consequências desta pandemia. Isto determinou que as autoridades tomassem medidas e decidissem por um novo confinamento, que agravará ainda mais a debilitada saúde pública no país. E se hoje é derivado da pandemia no futuro virão outras doenças resultantes das medidas que hoje se tomam para resolver o problema no imediato. Já pensaram na obesidade? Já pensaram na ausência de atividade física? Já pensaram no contributo que o desporto e a educação física podem oferecer à saúde pública? O desporto e a educação física representam um contributo decisivo para a saúde física e mental de todos os cidadãos. Com mais esta paralisação, exceção à educação física escolar (com limitações), deixa-se de poder criar hábitos de prática desportiva aos mais jovens e consequentemente poderemos perder gerações de jovens praticantes, nas mais diversas modalidades, impossíveis de recuperar no futuro. A Organização Mundial de Saúde (OMS) diz que se poderiam evitar milhões de mortes por ano com mais atividade física, ao lançar as linhas orientadoras para esta área. O combate ao sedentarismo deve ser praticado em todas as idades e mesmo por pessoas com condicionantes físicas por motivo de doença. A OMS sugeriu, neste contexto, que devem ser destinadas pelo menos duas horas e meia a cinco horas, por semana, para atividade moderada a vigorosa, no caso dos adultos. Para crianças e adolescentes, a média recomendada é de uma hora por dia. De acordo os dados da OMS, um em cada quatro adultos não pratica exercício físico suficiente, o mesmo se passando com quatro em cada cinco adolescentes. A OMS alertou, assim, que a atividade física regular é fundamental para a prevenção e controlo de doenças cardíacas, diabetes tipo 2 e cancro. Ajuda também a reduzir os sintomas de depressão e ansiedade. Estas recomendações destinam-se a todas as idades e os adultos com 65 anos ou mais são aconselhados a incluir na rotina atividades que estimulem o equilíbrio e a coordenação, bem como o fortalecimento muscular, para ajudar a prevenir quedas e melhorar a condição física, que influencia diretamente a saúde. Ser fisicamente ativo é fundamental para a saúde e o bem-estar, ajudando a adicionar “anos à vida e vida aos anos”, especialmente numa altura em que é preciso gerir as restrições associadas à pandemia de covid-19. Toda a atividade física é benéfica e pode ser feita de várias formas, desde o desporto ao trabalho, integrando exercícios no dia-a-dia, mas também a fazer jardinagem ou a caminhar pois se tal não acontecer o cenário tornar-se-á ainda mais negro.
Autor: Luís Covas
DM

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15 janeiro 2021