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Ser solidário ajuda-nos a crescer segundo os valores cristãos

No dia 8 do corrente mês, em Parada de Gatim do concelho de Vila Verde, tivemos uma ação solidária que poderá servir como um grande exemplo para outras que poderão surgir a pensar no nosso semelhante que necessita de ajuda premente, podendo ter o mínimo para a sua sobrevivência com alguma dignidade neste mundo onde existem imensas privações, mas também tanto egoísmo!

Nós, muitas vezes, não fazemos ideia das necessidades que algumas zonas do globo têm, embora saibamos, através da comunicação social, mas só quem presencia “in loco” é que se apercebe e reflete de que afinal há muita miséria. Pessoas que morrem à fome, com guerras, sem assistência na doença, faltando hospitais, profissionais de saúde, habitação digna, sem escolas, sem professores e tantas outras necessidades básicas para uma vida minimamente condigna. Visitando essas zonas como, por exemplo, há pouco um grupo, onde eu estava incluído, foi com o Pe. Dayakar, à Índia, onde a opulência se cruza com a miséria extrema, é que poderá dar o verdadeiro valor àquilo que vamos possuindo nesta nossa terra, apesar de termos também as nossas dificuldades a nível dos vários setores da sociedade, mas é incomparável em relação à vida de tantos povos. Precisamos de partilhar naquilo que pudermos.

Admiro tantos seres humanos que formam associações, instituições ou, mesmo, a nível pessoal que estão atentos e que tentam fazer o que podem, passando grandes sacrifícios, a pensar no seu semelhante como missionários da humanidade e, nós, que não estamos nessas associações, temos o dever de pensar e ajudar, dentro das nossas possibilidades, no que pudermos para, pelo menos, minimizar essas tão trágicas situações.

Foi, precisamente, nesse dia 8, em Parada de Gatim, que presenciei o grande nível de solidariedade que existiu nessa noite. Mais de trezentas pessoas reunidas no salão da paróquia a viver essa onda de caridade e de humanismo com pessoas oriundas de várias paróquias de Vila Verde e de outros concelhos. Só de Guimarães veio um autocarro com muitas dezenas de pessoas que se quiseram incluir nessa onda de fraternidade.

Esta atividade foi dinamizada por um grupo “Missionários ICTUS, sediado na Avenida da Igreja, n.º 1, Cabanelas que o Padre Dayakar Reddy Tumba, pároco de Cabanelas, Parada de Gatim, Escariz, São Martinho, Escariz, São Mamede… coordena a nível das suas paróquias, mas quaisquer jovens de outras comunidades são bem-vindos, pois não há limites para praticar o bem e que, segundo ele e explicando melhor o dinamismo desta associação, refere: «Somos um Grupo de Missionários ICTUS que em grego significa “peixe”, representando o código que os primeiros cristãos usavam em Roma “Iesus Christos Theos Uius Soter” – Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador, sendo um agrupamento de jovens em crescimento. A finalidade deste grupo é ajudar as crianças malnutridas e as crianças que não têm hipóteses de estudar na Guiné-Bissau por falta de escolas e de tantas outras privações… ajudando a criar condições mínimas para que estes jovens possam viver mais felizes. Não somos só um grupo que ajuda os pobres, mas sim um grupo que permite uma formação integral, com um alargamento de horizontes transcendentes, mostrando a estas crianças um futuro mais risonho e mais esperançoso, tendo em conta três fatores urgentes que o mundo precisa: gestos que ensinem, palavras que edifiquem e mãos que ajudem.» O Padre Dayakar, natural da Índia, onde a pobreza é também muito acentuada, faz um apelo à Linguagem do Amor que todos os povos deviam entender: «Ajudem-nos a ajudar os outros…» Algumas jovens que foram visitar a Guiné-Bissau com o seu líder contaram, comovidas, o que presenciaram, sobretudo crianças desnutridas por falta de tudo o que é essencial. Passagens dramáticas ouvidas nesse jantar solidário que teve como principal objetivo ajudar a construir uma escola.

Admirei a entrega que, gratuitamente, tanta gente trabalhou, não só no jantar, mas na angariação de objetos nas superfícies comerciais que foram leiloados, incluindo muita doçaria que gente boa da zona teve o cuidado de confecionar para, ali, ser leiloada. Muitas centenas de euros foram angariados na venda desses produtos. As pessoas presentes associaram-se com alegria e o coração a pensar naquela pobre gente.

Artistas que se juntaram ao ato para tornar, ainda, o ambiente mais altruísta e mais humanizado. O próprio “Anjinho”, tocador de concertina e cantor conhecido, desenvolveu a sua arte musical e mostrou a arte também de leiloar, fazendo com que o ânimo fosse maior em tudo o que foi apresentado.

São estes gestos que enobrecem qualquer ser humano, tornando-o menos egoísta, fazendo-nos refletir no dever que temos em partilhar para tentarmos fazer os outros mais felizes. Olhemos sempre à nossa volta e vejamos o que podemos doar a quem está a passar por carências, pois é doando que a nossa felicidade aumenta. 

Salvador de Sousa

Salvador de Sousa

13 novembro 2025