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Entre Brincadeiras e Leituras: O poder transformador da infância

No início do mês de outubro, a F3M realizou um encontro, denominado “Entre Brincadeiras e Leituras: o poder transformador da infância”. Este encontro, que decorreu no Salão Nobre da Associação Empresarial de Braga, contou com a participação de cerca de uma centena de pessoas. Educadores de Infância, Psicólogos, Terapeutas, Educadores Sociais, Animadores Socioculturais, entre outros profissionais, e Pais juntaram-se a um leque de oradores de renome para discutirem… ”a infância”. 

O que é isto de ser criança? Onde para a infância? 

Nos dias que correm, as crianças parecem estar ocupadas com tudo. Estarão elas ocupadas com “serem crianças”? As diversas atividades que têm parecem deixar muito pouco espaço para brincar, brincar livremente, sem noção de tempo e espaço, como seres livres e sem responsabilidades acrescidas e de crescidos. A escola parece cada vez mais uma empresa, com horários rígidos e longos, sem lugar para as corridas nos recreios, para as calças rasgadas, para os joelhos e mãos “vermelhas” de rasparem no chão, no meio de uma corrida desenfreada, do baloiço mais intenso, de um salto mais atrevido. Os recreios parecem ter dado lugar ao brilho de um ecrã que a todos aproxima do mundo, sabe-se lá qual e quais os perigos que encerra, mas que parece afastar do meio que as rodeia, dos amigos e das brincadeiras. A isto, adicionamos horários longos e densos, aulas que exigem foco permanente e contínuo, numa exigência que muitas vezes é complexa para os próprios adultos. E, onde estão as brincadeiras!? Onde estão os velhos pneus que podem ganhar uma nova vida, num baloiço ou no contorno de uma pista onde se podem promover sprints fantásticos, aqueles que fazem suar e chegar a casa com necessidade acrescida de um bom e retemperante banho?! Mas, aquilo que vemos em muitos locais, são recreios tingidos a preto, daquele alcatrão que vemos em qualquer estrada que nos leva ao mundo, mas que, neste caso, nos aprisiona em contextos desprovidos de vida e de partilha.

Quais adultos, depois do trabalho ainda há horas extraordinárias para fazer, num número infindável de outras atividades que consomem os finais de cada dia, durante toda a semana. Onde está o tempo para sentir vontade de ler um livro, livremente, aqueles que não são impostos por nenhum programa, mas que deixam as crianças sonhar? Sonhar é o primeiro passo para construir. Onde está o espaço para ir ao museu? Este não é um espaço morto: é um espaço de vida e de vidas que nos ajudam a conhecer quem somos, para podermos querer ser melhores. Não tem de ser um espaço de adultos, mas sim um espaço onde cada criança pode aprender divertidamente sobre o mundo que a rodeia. E uma caminhada pela floresta, para descobrir que há um mundo de cor, de plantas e de flores, de árvores e de animais de mil e uma formas e cores, que nos transportam para uma admirável fábula, onde podemos, em poucos instantes, estar a falar com a Marmota Mara (os mais velhos recordar-se-ão das Fábulas da Floresta Verde) ou com o Avelar, esse gaio vaidoso e muito ruidoso.

As crianças são, sem dúvida, o maior poder de transformação da sociedade. Se as deixarmos ser crianças, certamente serão adultos diferentes e talvez possamos ter esperança de encontrar neles futuros líderes diferentes daqueles que hoje encontramos por todo o mundo.

Entre brincadeiras e leituras: o poder transformador da infância!

Filipe Cruz

Filipe Cruz

13 novembro 2025