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Setembro: Mês de Prevenção do Suicídio

Setembro é, em todo o mundo, o mês dedicado à prevenção do suicídio. Ao longo do mês, multiplicam-se campanhas de prevenção e sensibilização, com o objetivo de quebrar o estigma, estimular o diálogo sobre saúde mental, divulgar recursos de apoio e mobilizar a sociedade na prevenção do suicídio, reforçando a importância de cuidar do bem-estar emocional. Em Portugal, a iniciativa “Setembro Amarelo” tem ganhado destaque e tem ajudado a trazer o tema para a esfera pública, incentivando as pessoas a falar mais abertamente sobre os riscos do suicídio e sobre o valor da vida.

O suicídio, que acontece quando alguém decide pôr fim à própria vida, é um fenómeno complexo. Envolve quase sempre uma mistura de fatores – psicológicos, sociais, culturais e até biológicos. Muitas vezes surge como consequência de um sofrimento prolongado, quando a pessoa sente que não encontra outra saída. A Organização Mundial de Saúde estima que cerca de 800 mil pessoas morram por suicídio todos os anos, com os números a indicar que as tentativas podem ser até 25 vezes mais frequentes do que os suicídios consumados. Em Portugal, esta realidade também preocupa: o suicídio permanece como uma das principais causas de morte por causas não naturais, estimando-se que, em média, três pessoas morram diariamente por suicídio no país, o que representa uma morte a cada oito horas.

A prevenção do suicídio requer uma abordagem multifacetada, condizente com as múltiplas causas que podem estar na sua origem. Importa também perceber que o suicídio não é, muitas vezes, um ato repentino ou impulsivo, mas sim o culminar de uma luta prolongada com problemas de saúde mental, como a depressão, a ansiedade ou problemas relacionados com o abuso de substâncias. Estes transtornos podem trazer sentimentos de desesperança, solidão e dor profunda, que acabam por fazer a pessoa acreditar que não existe outra forma de aliviar o sofrimento.

Por isso, a prevenção não pode ficar apenas nas mãos de campanhas institucionais. Ela começa no dia a dia: nas escolas, nas famílias, entre amigos e em todas as comunidades. Um gesto simples – ouvir sem julgar, oferecer companhia ou encorajar alguém a procurar ajuda – pode fazer toda a diferença. Do mesmo modo, falar de saúde mental nas escolas e nos locais de trabalho ajuda a reduzir preconceitos e a criar ferramentas de apoio. 

Em setembro, durante o mês de prevenção do suicídio, o convite é para todos nós: pensar no que podemos fazer para salvar vidas. Isso pode ser tão simples como estar disponível para ouvir sem julgamentos, falar abertamente sobre questões de saúde mental e de procurar apoio quando necessário. Quanto mais abrirmos espaço para a conversa, mais difícil será que alguém fique sozinho no seu sofrimento, e a solidariedade e a empatia são armas poderosas na luta contra o suicídio.

Identificar precocemente alguns sinais de alerta e agir em conformidade pode também ser essencial para prevenir o suicídio, pois muitas vezes a pessoa em sofrimento manifesta mudanças de comportamento, como isolamento, perda de interesse por atividades que até então considerava prazerosas, alterações no sono ou na alimentação, frases de desesperança ou até referências diretas à morte.

Combater o suicídio é, acima de tudo, construir uma cultura em que o bem-estar emocional seja valorizado e em que pedir ajuda nunca seja motivo de vergonha. E isso começa com cada um de nós.

Cristina Silva

Cristina Silva

13 setembro 2025