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Tempos de transações no mundo do desporto

Alguém me fez notar que esta altura do ano relembra um pouco – felizmente sem as consequências da época da escravatura – os tempos desumanos em que se vendiam pessoas que ficavam dependentes dos seus compradores. Esta observação vinha a propósito das transferências de profissionais do futebol.


 

Efectivamente, os “media” dão conta todos os dias das mudanças numerosas de jogadores, que passam a representar outro clube por terem sido comprados pela nova equipa. Com frequência, esta gasta muitos milhões ao “adquirir” este ou estes elementos para o seu plantel.


 

Insistimos, as aparências ou semelhanças com a época da escravatura são apenas simulacros do que então se passava. No entanto, estas trocas de compra e venda certamente que podem ser mais diretas e desumanas, se a pessoa que é objecto destes negócios não tem uma palavra a dizer e deve sujeitar-se aos resultados determinados pelos seus gestores.


 

As somas das transações são muito elevadas habitualmente. O que significa que só um clube que tenha reais capacidades económicas para concertar tais acções possa apresentar-se no mercado com alguma capacidade de êxito. Para o jogador que é “comprado” habitualmente este facto representa para si uma subida de fama. No entanto, o seu futuro só é bem sucedido quando ele é capaz de se adaptar ao novo ambiente e demonstrar com factos que valeu a pena integrá-lo na equipa que passa a representar. 


 

A transação dá bom resultado quando quem muda de ambiente se adapta às novas circunstâncias e tem oportunidade de evidenciar, com exibições bem sucedidas, que valeu a pena a transação, já que as suas reais capacidades se manifestam com clareza no jogo do novo “time” a que pertence.


 

No entanto, nem sempre assim acontece. Não é que o jogador não tenha as qualidades que motivaram a sua compra, mas por não mostrar boa adaptação ao actual ambiente profissional. Esta realidade é muito relevante e as suas razões são diversas. Por exemplo, o modo habitual de funcionamento do seu novo clube. Nem sempre se revela fácil, quer por motivos das diversas ambições da equipa, quer pelo relacionamento humano com os outros colegas, quer pela mudança de métodos nos treinos, quer pela relação do treinador com este elemento recém adquirido do grupo de futebolistas que estão à sua disposição. Enfim, muitas outras explicações podiam ser apresentadas. 


 

O início das competições mais relevantes começa dentro de pouco tempo. Cada clube tenta, decerto, preparar-se nas melhores condições. Por isso, procura apresentar a sua equipa de maneira bem fortificada, contratando aqueles elementos que considera necessários e mais convenientes para o seu melhor desempenho. E os “media” sempre estão atentos às compras e vendas que se efectuam nesta altura, a fim de despertar a atenção de quem os consulta para conhecer e ter presente a realidade do mundo futebolístico e, de um modo particular, para saber também quais são as novidades do seu clube preferido.

P. Rui Rosas da Silva

P. Rui Rosas da Silva

29 julho 2025