Um estudo sobre a qualificação profissional na região do Ave, apresentado em Vizela, aponta para uma quebra de 15% no número de alunos inscritos no Ensino Profissional nos últimos três anos na região do Ave. Para reverter o cenário, a Comunidade Intermunicipal (CIM) do Ave e a Universidade do Minho uniram esforços e, após um diagnóstico profundo, sugerem uma série de medidas para revitalizar o setor, plasmadas no “Estudo de Antecipação das Necessidades de Qualificação”, integrado na operação “EDUCAVE – Leave no One Behind”, elaborado no âmbito do PIPSE - Norte2030/FSE pela CIM do Ave em colaboração com a Escola de Economia e Gestão da UMinho, cujos investigadores são João Cerejeira e Francisco Carballo.
Os documentos indicam que, entre os anos letivos de 2018/19 e 2021/22, o número de alunos em cursos profissionais na CIM do Ave caiu de 5.468 para 4.637. Além do impacto da quebra demográfica, a falta de orientação vocacional e os estigmas sociais associados ao Ensino Profissional são apontados como fatores.
De acordo com João Cerejeira, «muitos jovens e famílias veem o Ensino Profissional como via secundária». E, no entanto, «além de permitir o acesso ao Ensino Superior, o Ensino Profissional proporciona salários e empregabilidade superiores a muitas formações académicas», salienta.
Sucede que a concorrência entre estabelecimentos de ensino, que fragmenta muito a oferta, e a pouca mobilidade dos estudantes entre os oito concelhos cda CIM do Ave, associada à falta de alojamento estudantil, também são poderosos elementos dissuasores.
Salientam que «poderia srer rmelhor» a oferta formativa do Ensino Profissional, alinhando-a com as exigências do mercado laboral na região do Ave, onde setores como a indústria transformadora, as energias renováveis e a digitalização carecem de profissionais qualificados. Contudo, muitas escolas enfrentam dificuldades na adaptação dos seus programas curriculares, apesar de «algumas áreas formativas a apresentarem elevados níveis de desemprego», como sejam as indústrias do têxtil, vestuário, calçado e couro. «Só com um planeamento estratégico eficaz será possível mitigar os impactos da escassez de mão-de-obra qualificada na economia local», salientou Francisco Carballo.
O estudo recomenda a criação de um fórum intermunicipal para monitorizar as necessidades de qualificação, o reforço da mobilidade estudantil e maior articulação entre escolas e empresas, «promovendo estágios e formação prática alinhados com as exigências do mercado».