As escavações arqueológicas no Canal Intercetor de Esposende estão a revelar ocupação humano no território que fazerm recuar a 250 mil ou até 300 mil anos, segundo revela a Câmara Municipal.
Diversos artefactos líticos talhados (ferramentas de pedra lascada), atribuídos ao denominado tecno-complexo Acheulense, têm sido descobertos no local.
Segundo comunicado da autarquia, estes trabalhos dão continuidade à investigação iniciada em 2022, com sondagens que continuaram em 2023 e que encerram grande relevância científica, por reportarem a uma etapa da nossa história evolutiva que ainda estava pouco documentada, não só na área do concelho, como também nas regiões adjacentes.
Deste modo, tudo aponta para que a jazida paleolítica do Canal Intercetor de Esposende possa ser considerada uma das mais relevantes do Litoral Norte do país.
Os dados obtidos sugerem que os artefactos terão sido produzidos numa antiga praia, que se encontra a cerca de um quilómetro da atual linha da costa e a 13 metros acima do nível do mar. Tal facto testemunha os sucessivos avanços e recuos do oceano e a impercetível subida do continente, durante uma época da história da Terra denominada Pleistocénico (de 2,6 milhões de anos a 10 mil anos).
Os trabalhos arqueológicos, realizados com o apoio das equipas técnicas do Serviço de Património Cultural e de Topografia do Município de Esposende (codirigidos pela arqueóloga da autarquia), são coordenados por Sérgio Monteiro-Rodrigues, do Departamento de Ciências e Técnicas do Património, da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e contam com a participação de estudantes de licenciatura e de mestrado desta mesma instituição.
A colaboração científica estende-se a Alberto Gomes (Geomorfologia – FLUP) e a Ricardo Carvalhido (Geólogo – IPVC e Coordenador Científico do Geoparque Litoral Viana do Castelo).