O Dia de Argivai, no concelho da Póvoa de Varzim, foi assinalado com a inauguração de um monumento, na rua de Quintela, que evoca o primeiro poema escrito em língua portuguesa.
«Argivai, aqui nasceu a poesia em Portugal», afirmou ontem o presidente da União de Freguesias da Póvoa de Varzim, Beiriz e Argivai, Ricardo Silva.
Segundo Carolina Michaelis, a “Cantiga da Ribeirinha”, cantiga de amigo medieval da autoria de Paio Soares de Taveiros, dedicado a Maria Pais Ribeiro, natural de Argivai, é o primeiro poema em galaico-português.
Falando na homenagem aos padres Marcelino Ferreira, Paulo Terroso e Rúben Cruz, naturais da localidade, que decorreu terça-feira à noite, o autarca explicou que o Dia da Freguesia é comemorado a 26 de março porque «este é o dia em que surge pela primeira vez escrito o nome de Argivai num documento». Trata-se da carta de venda de Villa de Comité e Villa de Quintanela ao cabido da igreja de Guimarães, em 953. «Passaram 1071 anos sobre esse momento, o que justifica o facto de termos várias placas pela freguesia com o epíteto “terra milenar”», disse.
Sublinhou que Argivai é «muito mais antiga», sendo «das terras mais ancestralmente povoadas da região». «A criação de uma paróquia em Argivai é a primeira cisão administrativa com Vila do Conde e o passo decisivo para o nascimento do concelho. Daí dizermos “Argivai terra-mãe” porque é daqui que nasce a Póvoa de Varzim», relatou.
Ricardo Silva acrescentou que a comemoração do Dia da Freguesia, que implementou quando tomou posse, é «ainda mais pertinente» com a integração na União de Freguesias. «Sempre que nos reunimos neste dia, fazemos uma declaração de repúdio à absorção da cultura, história e tradições de Argivai na amálgama da União, mantendo a identidade da freguesia», declarou.
Na mesma linha, em representação da Câmara da Póvoa de Varzim, Luís Ramos, felicitou Argivai pela comemoração do Dia da Freguesia, assegurando que, para o Município, continuam a ser 12 freguesias, com a sua identidade cultural e raízes.
Referiu que não há motivo para as pessoas ficarem surpreendidas com a homenagem a três sacerdotes, uma vez que quem desempenha funções executivas sabe que não pode fazer o trabalho sozinho. «Os párocos desempenham um papel fundamental na nossa comunidade», afirmou.