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Esposende quer demolir 180 construções na praia de Apúlia contra vontade de moradores

Esposende quer demolir 180 construções na praia de Apúlia contra vontade de moradores
Fotografia DR

Agência Lusa

Agência noticiosa

Publicado em 20 de junho de 2023, às 09:58

Em causa está o “risco evidente” para pessoas e bens decorrente do avanço do mar.

A Câmara Municipal de Esposende quer demolir cerca de 180 construções na zona da praia da Apúlia, face ao “risco evidente” para pessoas e bens decorrente do avanço do mar. No entanto, a intenção é contestada por moradores e proprietários.

Falando numa reunião na noite de segunda-feira, que demorou mais de quatro horas e que juntou mais de meia centena de moradores, proprietários, empresários e pescadores, o presidente da Câmara, Benjamim Pereira, disse que a intervenção deverá implicar um investimento superior a 15 milhões de euros. “O mar está cada vez mais próximo e nunca nos vai dar tréguas”, alertou o autarca, adiantando ainda que a “grande parte“ daquelas construções é ilegal.

As demolições acontecerão na zona de Pedrinhas e Cedovém, na freguesia de Apúlia. No entanto, a ideia foi fortemente contestada pelos proprietários e moradores presentes na reunião, que prometeram lutar nos tribunais para a sua concretização. “Vão matar aquela zona”, disse a proprietária de uma habitação.

Segundo Benjamim Pereira, entre as construções contam-se 14 casas, cujos moradores serão realojadas em habitação que será construída num terreno que o município vai adquirir expressamente para o efeito, num investimento de 400 mil euros. Há ainda sete restaurantes, que serão “relocalizados”.

Os que existem serão demolidos e substituídos por outros, mais afastados da linha da costa e construídos em madeira e amovíveis, para o caso de no futuro vir a ser necessário voltar a afastá-los do mar. De resto, a esmagadora maioria das construções são barracos, que servem de apoio às atividades piscatórias e agrícolas. “Uma coisa é certa, naquela frente de mar não voltará a haver habitação”, assegurou Benjamim Pereira.

Lembrou que em 2019 uma habitação foi levada pelo mar e que uma outra foi evacuada pela iminência de ter igual destino. Disse ainda que, na zona das Pedrinhas, algumas das edificações com “valor histórico e arquitetónico relevante” poderão manter-se de pé, constituindo uma espécie de núcleo arqueológico ao ar livre. “Mas nunca para habitação”, reiterou.

Adiantou que a intervenção pode exceder “largamente” os 15 milhões de euros, não deverá começar nos próximos dois anos e “respeitará sempre” os interesses dos moradores, proprietários e empresários. No entanto, hoje foram ouvidas vozes muito críticas, com a proprietária de uma habitação a manifestar-se “chocada” com o projeto e a garantir que vai lutar contra a demolição. “Se pensam deitar aquilo tudo abaixo, contem com a nossa oposição. Este projeto vai anular Cedovém. Estou chocada”, disse Isolete Matos.

Já outro morador afirmou que aquele é um projeto “para deitar casas abaixo e plantar feno”, destruindo o “património brutal” de Cedovém. Os moradores e proprietários prometem que a luta poderá chegar aos tribunais.

Benjamim Pereira adiantou que o projeto “não está fechado”, lembrando que a Câmara abriu um período, até 4 julho, para que os interessados possam apresentar as suas sugestões.