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Três finalistas nacionais nos prémios RegioStars

Fotografia DM

Luísa Teresa Ribeiro

Chefe de Redação

Publicado em 09 de outubro de 2024, às 11:22

Projetos portugueses demonstram impacto dos fundos europeus

Portugal tem três projetos entre os 25 finalistas dos prémios RegioStars, galardões atribuídos pela Comissão Europeia que distinguem a excelência da utilização dos fundos comunitários, cujos vencedores são conhecidos esta noite, em Bruxelas, no âmbito da 22.ª Semana Europeia das Regiões e Municípios.

O Human Power Hub – Centro de Inovação Social de Braga é finalista na categoria “Europa mais próxima dos cidadãos”, o Realiza.te: Uma Jornada Colaborativa no galardão “Europa mais social e Inclusiva” e o Ecogrés 4.0 – Economia Circular, Inovação e Cerâmica 4.0 na distinção “Europa mais verde”.

Em declarações aos jornalistas, na capital belga, Carlos Videira, administrador executivo da BragaHabit, empresa municipal que tutela o Human Power Hub, referiu que o projeto surgiu em 2018, na sequência da participação numa rede transnacional para promover a inovação social.

«A partir desse momento, em Braga, percebemos que precisávamos de uma estrutura que ajudasse a acelerar e incubar ideias empreendedoras que não estivessem propriamente viradas para o lucro, mas para o impacto social», tendo o projeto obtido o financiamento do Portugal Inovação Social, através da medida Parcerias para o Impacto, em 2020. «No final desse financiamento, em 2022, o Município de Braga entendeu que este centro de inovação social deveria transformar-se numa política pública e integrou-o na estrutura da BragaHabit», conta.

«Neste momento, fazemos a aceleração e a incubação de projetos de empreendedores sociais, organizações sociais, ajudamos a fazer a ligação com as empresas, estimulando as suas políticas de responsabilidade social corporativa, ligando também ao meio académico para criar agendas de investigação, no sentido de conseguir encontrar projetos e soluções que nos ajudem a resolver problemas sociais», afirma. 

Este responsável lembra que o Human Power Hub já conseguiu mobilizar 300 mil euros de investimento de impacto para a alavancagem dos projetos, numa fase inicial, para que eles possam «começar a fazer a diferença na vida das pessoas». «Já tivemos cerca de 80 iniciativas de empreendedorismo e impacto social que passaram pelo Human Power Hub e cerca de dois terços delas continuam ativas, ou seja, sobreviveram a esta fase inicial», acrescenta.

Questionado sobre a importância dos fundos europeus, Carlos Videira afirma que o Portugal Inovação Social «está muito bem desenvolvido», porque prevê a existência de um investidor social, que primeiro foi a Câmara de Braga e na atual candidatura para o financiamento para o período 2025-2027 é o banco BPI e a Fundação “la Caixa”, para além do financiamento europeu. 

«Começámos com uma resposta apenas no município de Braga, mas nesta segunda candidatura já vamos trabalhar na lógica de abranger o território de toda a Comunidade Intermunicipal do Cávado, ou seja, seis municípios. Este foi um financiamento importante para o nosso território, que agora está a ser escalável para a região e que também poderá ser replicado noutras regiões, noutros contextos, noutros países», declara.

Região de Coimbra promove sucesso escolar


 

O projeto Realiza.te: uma Jornada Colaborativa visa reduzir o insucesso e o abandono escolar precoce na área de abrangência da Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra (CIM Região de Coimbra).

O presidente da CIM Região de Coimbra, Emílio Torrão, adianta que este projeto começou a ser desenvolvido em 2015, a partir de um estudo da Universidade de Coimbra, visando «colmatar o abandono escolar precoce ou a retenção, ou seja, os alunos que não progridem».

«O Realiza.te é um projeto de muito sucesso, um bom exemplo de boas práticas, através do qual conseguimos baixar muitíssimo as taxas de retenção e de abandono escolar precoce», revela, referindo que envolve equipas multidisciplinares, com cerca de 70 profissionais, tendo como público-alvo 40 mil alunos, em 19 municípios. 

As medidas abrangem toda a comunidade escolar, incluindo professores, pais e amigos, havendo soluções inovadoras para todas as situações que são encontradas na rede. Há também «atividades extracurriculares, para motivar os alunos, para os recentrar na valorização do estudo».

O projeto foi financiado por fundos europeus, através da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, representada pela vice-presidente, Alexandra Rodrigues. O também presidente da Câmara de Montemor-o-Velho ressalva que «já houve alturas em que não houve financiamento, e os municípios reconheceram a importância deste projeto».

Considerando que ser finalista dos RegioStars é o «reconhecimento das boas práticas» implementadas, declara: «O sucesso é cada aluno que conseguimos recuperar e que conseguimos pôr no trilho certo, para nós é uma vitória». Ganhar o galardão seria «a cereja no topo do bolo», mas o «prémio já o alcançamos em todos os alunos e todos os pais e todas as famílias em que conseguimos intervir e em que conseguimos ter bons resultados», diz. 

O projeto já tem sido apresentado a nível europeu para poder ser replicado noutros locais.

Cerâmica sustentável conquista mercado

O projeto Ecogrés 4.0, da Grestel – Produtos Cerâmicos, em Ílhavo, distrito de Aveiro, trabalha numa «revolução verde» na cerâmica, com pastas cerâmicas sustentáveis, protagonizando uma filosofia de economia circular.

Carlos Pinto, diretor fabril da Ecogrés, explica que o projeto surgiu da vontade de criar um produto mais sustentável, que respondesse às solicitações dos clientes. Juntamente com a Universidade de Aveiro, ao longo de dois anos, foi desenvolvido um produto com uma pasta sustentável, feita a partir de resíduos.

Na primeira fase foram usados resíduos ou subprodutos somente da fábrica e na segunda fase foram incorporados resíduos de outras fábricas e de outros setores.

O produto não tóxico que criaram, apto para ser usado na alimentação, teve sucesso no mercado. Como as fábricas existentes não tinham condições para produzir este novo produto, foi construída uma nova unidade de produção, de 14 milhões de euros, com apoio comunitário.

Esta fábrica tem em conta o consumo energético, com equipamentos mais elétricos e menos hidráulicos e a recuperação integral da água utilizada no processo industrial. «Isto permite-nos ter um produto, efetivamente, com uma sustentabilidade elevada», afirma, explicando que, por outro lado, foi desenvolvido um produto com um eco-design, de forma a reduzir significativamente a quantidade de materiais utilizados.  

Este responsável afirma que chegar à final do RegioStars é «motivador» para continuarem a trabalhar em processos e produtos cada vez mais sustentáveis. «Eu penso que o futuro estará em empresas que consigam fornecer aos seus clientes aquilo que eles querem, ou seja, produtos de boa qualidade, com um preço razoável, mas que possam ter uma pegada ecológica baixa», afirma.

Hoje ainda está a decorrer a votação para o prémio do público, em http://bit.ly/4ePbHmX

«Fundos estruturais podem mudar a vida das populações»
 

A comissária da Coesão e Reformas, Elisa Ferreira, defende que os projetos finalistas dos prémios RegioStars «mostram como os fundos estruturais podem mudar a vida das populações num sentido positivo e de criar melhor qualidade de vida».

Falando à margem da apresentação dos produtos do Douro na Semana das Regiões, esta responsável sublinha que é importante que se saiba que os fundos estruturais estão presentes em todos os projetos finalistas dos prémios RegioStars e considera relevante que «se façam coisas que perdurem e que melhorem estruturalmente a vida das populações, criando condições para um desenvolvimento mais sustentável, isto é, um desenvolvimento que perdure e que retenha os jovens e as pessoas qualificadas na sua região».

Questionada sobre se o recorde de participantes na edição deste ano da competição, um total de 262 candidaturas, mostra a preocupação dos agentes locais com qualidade e o impacto dos projetos, a comissária destaca que a «política de coesão e a política regional só funciona se for a partir do terreno». 

Desde 2008, os prémios RegioStars identificam boas práticas em desenvolvimento regional e destacam projetos originais e transformadores, que podem inspirar outras regiões da União Europeia.


*Em Bruxelas, a convite da Comissão Europeia e do Comité das Regiões.