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Macron reforça proposta de “missão de estabilização" da ONU em Gaza

Macron reforça proposta de “missão de estabilização" da ONU em Gaza
Fotografia DR

Agência Lusa

Agência noticiosa

Publicado em 11 de agosto de 2025, às 15:39

Presidente francês considera plano de expansão israelita como “um desastre anunciado”

O Presidente francês, Emmanuel Macron, reiterou hoje a proposta de uma “missão de estabilização sob mandato da ONU” para garantir a segurança da Faixa de Gaza, denunciando o plano de expansão israelita como “um desastre anunciado”.

“O anúncio feito pelo gabinete israelita de uma expansão da operação [militar] à cidade de Gaza e aos campos de Mawasi e de uma reocupação por Israel constitui um desastre anunciado de uma gravidade sem precedentes e uma fuga em frente para uma guerra permanente”, disse Emmanuel Macron numa declaração à imprensa.

Os reféns israelitas e a população de Gaza “continuarão a ser as primeiras vítimas desta estratégia”, acrescentou.

Alguns dias após o anúncio do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, de um plano para a ocupação da cidade de Gaza, no norte do enclave, pelo exército israelita para acabar com a guerra, Macron reagiu pela primeira vez afirmando que “é preciso pôr fim” ao conflito “com um cessar-fogo permanente”, mostrando-se contra "uma operação militar israelita".

O chefe de Estado francês dá "prioridade" a “uma missão de estabilização sob o mandato da ONU que permitirá garantir a segurança da Faixa de Gaza, proteger as populações civis e apoiar uma governação palestiniana que, por si só, pode responder às necessidades das populações de Gaza e conduzir operações de desarmamento e desmilitarização do Hamas [grupo islamita palestiniano]”.

“A França quer agir em prol da segurança de Israel, da libertação dos reféns, da retomada das ações humanitárias e do apoio às populações palestinianas”, acrescentou, defendendo “uma coligação internacional sob o mandato da ONU para combater o terrorismo, estabilizar Gaza e apoiar as suas populações e implementar uma governação de paz e estabilidade”.

“Estabelecemos as únicas bases credíveis com a Arábia Saudita em Nova Iorque, obtendo pela primeira vez um apelo unânime ao desarmamento do Hamas e à libertação dos reféns pelos atores regionais”, acrescentou o governante, numa referência à conferência internacional que decorreu na ONU sobre a solução de dois Estados (Israel e Palestina), que foi copresidida por Paris e Riade.

A proposta da missão foi apresentada em 30 de julho, durante uma conferência na ONU que resultou numa declaração de 17 países, incluindo o Qatar e o Egito, para proteger a população civil, “apoiar a transferência das responsabilidades de segurança” para a Autoridade Palestiniana e fornecer “garantias de segurança para a Palestina e Israel, incluindo a supervisão” de um futuro cessar-fogo.

O Presidente francês apelou ao Conselho de Segurança das Nações Unidas para “trabalhar no sentido de implementar esta missão [de estabilização] e dotá-la de um mandato”, acreditando que esta é “a única via credível para sair de uma situação inaceitável tanto para as famílias dos reféns como para os habitantes de Gaza” e para “reconstruir a paz e a segurança para todos”.

Macron já afirmou que durante a Assembleia-Geral da ONU em setembro reconhecerá formalmente o Estado palestiniano, uma decisão que pretende angariar a adesão de outros países ocidentais que ainda não fizeram o reconhecimento.

O conflito em curso em Gaza foi desencadeado pelos ataques liderados pelo Hamas em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, onde perto de 1.200 pessoas morreram e cerca de 250 foram feitas reféns.

Em retaliação, Israel lançou uma vasta operação militar no território, que já provocou mais de 61 mil mortos, segundo as autoridades locais, a destruição de quase todas as infraestruturas do enclave e a deslocação de centenas de milhares de pessoas.

Atualmente, Israel reivindica o controlo de cerca de três quartos do território palestiniano, impondo um bloqueio no enclave que impediu as organizações internacionais de distribuírem ajuda à população, que tem sido feita exclusivamente desde maio pela Fundação Humanitária de Gaza, criada com apoio das autoridades de Telavive e Washington.

O Governo de Benjamin Netanyahu tem enfrentado acusações de genocídio.