OInstituto de Educação (IE) da Universidade do Minho (UMinho), um dos organimos que estão na génese da própria UMinho, festejou ontem 47 anos, numa cerimónia que teve emoção, com a homenagem à professora Fátima Viera, recentemente falecida; algum dramatismo nos apelos à união no IE, para aproveitar novas oportunidades que que estão a surgir no País. Na sua intervenção, Rui Vieira de Castro dencuniou uma dívida de 20 milhões de euros da parte de agências financiadoras do Estado, “calote” esse que está a deixar a UMinho em sérias dificuldades.
A sessão solene decorreu no auditório do Centro Multimédia do IE, quase cheio, sobretudo de docentes, presidentes de escolas, o presidente do do Núcleo de Estudantes do IE, Rúben Moura; Fernando Azevedo, vice-presidente do IE, que acabou por ler o discurso da presidente, Beatriz Pereira, ausente da sessão; entre outras personalidades.
Para além dos discursos, a cerimónia ficou marcada pela conferência “Uma sociedade promotora dos direitos da Criança”, proferida pelo professor Manuel Sarmento; pelos momentos musicais, a cargo de Pedro Teixeira e Jorge Castro. Destaque ainda para o momento de comunhão, que foi a homenagem à professora do IE, Fátima Vieira. Houve aplausos, lágrimas e uma lembrança entregue à filha Maria.
E se os discursos de Rúben Moura e da presidente do IE foram de entusiasmo, tanto em relação aos primeiros meses de mandato como em relação ao futuro, ainda que «desafiante», a intervenção do reitor da UMinho pôs algum “gelo” no entusiasmo, não escondendo a «crise» e «tensão» existente no seio do IE. Ainda assim, a palavra de ordem foi de união e apelo ao aproveitamento de novas oportunidades que vão surgir.
Situação da dívida é impossível de gerir
Na sua intervenção e depois aos jornalistas, o reitor queixou-se, por um lado do sub-financiamento; e por outro da dívida de agências financiadoras do Estado.
«É o valor mais alto de sempre. São 20 milhões de euros. São números de hoje [ontem]. E isso cria uma situação insustentável para a Universidade do Minho. E não há explicação possível para o que está a acontecer. Tem um impacto muito grande para a vida da universidade», afirmou Rui Vieira de Castro.
Em causa estão as agências financiadoras do estado como o AICEP - Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal; a ANI - Agência Nacional de Inovação; ou a FCT - Fundação para a Ciência e Tecnologia, entre outras.
São instituições que garantem que dispôem de financiamento para investigação e desenvolvimento e depois não cumprem com os compromissos. O reitor espera que os responsáveis políticos que tutelam estas agências corrijam a situação o mais depressa possível para que a UMinhopossa também saldar as suas dívidas para com investigadores. «A UMinho está a sustentar a investigação mas não está a ser recompensado pelo esforço que está a fazer», denunciou.
A expetativa de Rui Vieira de Castro é que as agências comecem a reembolsar a UMinho. Porque caso contrário, «torna impossível qualquer gestão». E se há expetativas positivas em relação a algumas, há muitas desconfianças em relação a outras.
Valorizar as pessoas e acelerar parcerias internacionais
Quanto a presidente do IE, pela voz de Fernando Azevedo, deu conta das orientações estratégicas traçadas em setembro, no início do mandato.
Entre elas está a valorização das pessoas, docentes e investigadores, a aceleração de parcerias internacionais, o acompanhamento da da situação de sustentabilidade financeira do IE; bem como o refoço dos mecanimos de transparência. Segundo os responsáveis do IE, muito já foi feito, mas 2023 será melhor. «Encaramos 2023 com otimismo», disse, reforçando que «o futuro do país é a Educação. E é sobre este lema que vamos trabalhar», promete.
Autor: Francisco de Assis