O secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes, pediu ontem à Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Braga um prazo de 24 horas para encontrar uma solução de raiz para o problema da «completa» falta de condições do quartel da corporação.
Na visita que fez à Associação Humanitária, Jorge Gomes não gostou de saber que a equipa de gestão do Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (POSEUR) inviabilizou uma candidatura para construção de um novo quartel para os Voluntários bracarenses e forçado a instituição a candidatura para realização de obras de reabilitação do atual quartel.
«Não entendo a razão por que a equipa de gestão do programa POSEUR não aceitou a candidatura para um quartel novo, quando tem financiado a construção de novos quarteis para outras instituições», disse o governante, que levou as críticas mais longe.
«Não estou a perceber como vamos gastar mais de meio milhão de euros [na reabilitação do atual quartel] e não vamos resolver nada», vincou o secretário de Estado, deixando claro que não vai aceitar «a solução» imposta pelo POSEUR, que «é uma angústia para qualquer governante».
Jorge Gomes, que integra a equipa interministerial que tem a responsabilidade de gerir os 25 mil milhões de euros que Portugal recebeu dos fundos comunitários, salientou que as equipas técnicas que libertam os milhões dos fundos europeus «têm que perceber» que quem manda é quem governa.
«Os fundos europeus são da comunidade e estão nos bancos para serem aplicados nos projetos que merecem ser financiados», vincou o titular da Secretaria de Estado da Administração Interna, deixando claro que não aceita que os Bombeiros Voluntários de Braga sejam discriminados em relação a outras corporações do país.
No entender de Jorge Gomes, a solução que foi proposta para os Bombeiros Voluntários de Braga limita-se a «remediar uma solução que já é má» e não passa de «enterrar» dinheiro.
«É urgente encontrar uma solução alternativa e de futuro a este propósito de enterrar dinheiro neste quartel», enfatizou o governante, que vai defender a construção de um novo quartel para os Voluntários de Braga. Nesse quadro, o quartel atual sofre obras de reabilitação ligeiras e passa a funcionar como sede da Associação Humanitária.
Câmara de Braga junta-se à instituição na reivindicação de solução com futuro
A construção de um novo quartel para os Bombeiros Voluntários de Braga foi também defendida pelo comandante dos Bombeiros Voluntários de Braga, António Cerqueira, pelo presidente da direção da instituição, António Ferreira, e pelo vice-presidente da Câmara de Braga, Firmino Marques.
A reivindicação unânime assentou na convicção de que as atuais instalações nem depois de requalificadas terão condições para que os operacionais possam desenvolver a sua ação com dignidade e à altura das exigências da população. Um novo quartel representa um investimento na ordem de um milhão de euros.
«Não adianta pensar em equipar esta corporação com novas viaturas, se o quartel não tem qualquer espaço onde sejam guardadas», disse António Cerqueira, precisando que a instituição já dispõe de um terreno para a construção de um quartel de raiz.
Os números avançados pelo responsável operacional colocam os custos com o novo equipamento em menos do dobro do investimento das obras de reabilitação que a entidade gestora do POSEUR está disposta a gastar.
O presidente da instituição, António Ferreira, defende que a eventual construção do novo quartel não se faça no terreno «sinuoso» que a câmara municipal doou à instituição, mas na quinta que vai acolher as futuras instalações do comando da PSP.
António Ferreira alega que o espaço de 45 mil metros quadrados tem área suficiente para o quartel da força policial e para o quartel dos "soldados da paz", mas o secretário de Estado da Administração Interna receia que a solução não seja tão fácil.
Conforme sublinhou, o terreno está ainda na possa do Ministério da Agricultura e terá de ser transferido para o Ministério da Administração Interna e «não é fácil passar um bem do Estado para a propriedade de uma entidade privada». João Gomes admitiu que o processo pode ser facilitado se integrar a Câmara de Braga como agente intermediário.
Autor: Joaquim Martins Fernandes