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Gestão das emoções não deve ser esquecida na adaptação às novas rotinas do quotidiano

Gestão das emoções não deve ser esquecida na adaptação às novas rotinas do quotidiano
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Publicado em 21 de setembro de 2021, às 02:59

Início do ano letivo e regresso ao trabalho presencial trazem desafios.

A pandemia veio mostrar a importância da gestão das emoções, que agora não deve ser esquecida com o início do ano letivo e com o retomar do trabalho presencial. É que este não é o regresso à normalidade do pré-pandemia, mas trata-se de uma situação nova, ainda com regras de segurança, que exige mais um esforço de adaptação. O alerta é deixado pela responsável pela Academia de Fitness Emocional, que lembra que a pandemia tornou evidente que «as emoções são uma força motriz da condição humana», pelo que a sua gestão não pode voltar a ser negligenciada. «Este último ano e meio foi muito atípico em termos de gestão emocional, tendo-nos levado ao limite. Exigiu-nos o desenvolvimento de competências que não tínhamos, num curto período», contextualiza Ana Raquel Veloso, sublinhando que «tantas regras restritivas deixam danos em termos emocionais, pelo que não conseguimos fazer a adaptação de um dia para o outro, como se nada tivesse acontecido». A especialista adverte que «esta fase em que começamos a falar de normalização continua a ser muito atípica», pois o regresso está a ser feito «com restrições, sobretudo físicas», com o uso das máscaras em locais fechados, a desinfeção das mãos e a precaução no contacto social. «Temos que perceber que esta não é uma normalização do que tínhamos, mas uma nova realidade, que exige uma nova adaptação, mais uma mudança, sendo que o ser humano tem residência à mudança», afirma ao DM. Em seu entender, apesar de agora estarmos numa situação de maior segurança, o nosso cérebro continua a receber muitos sinais de cautela e perigo, quer linguísticos, através de recomendações que são dadas, quer simbólicos, com formas e sinaléticas que associamos a perigo, tais como sinais de proibição, indicações a vermelho, uso de fitas às riscas utilizadas pelas forças policiais e de segurança. «O medo não é uma emoção que possa ser sustentada durante muito tempo sem danos», lembra. Por outro lado, argumenta que «vamos ter de viver em comunidade reconhecendo que cada um tem o direito de estabelecer os limites que quer para si». «Há pessoas que podem precisar de mais espaço e mais tempo para voltar a sentir segurança. Cada um vive este retomar de forma diferente, por isso é importante repensar algumas normas sociais e laborais», diz. Na sua perspetiva, nesta fase, o principal desafio é «aceitar e acolher que somos humanos». «Este tempo de pandemia trouxe para cima da mesa a essência do que é ser humano», até aqui tratado quase como um robô.
Ana Raquel Veloso considera que, em muitas situações, se pode substituir o “penso, logo existo” por “sinto, logo existo”, uma vez que «são as emoções que nos orientam e dão sentido à nossa existência».
«Um trabalhador emocionalmente equilibrado é mais eficiente e produtivo, pois há menos absentismo, menos conflitos e o trabalho é feito de forma mais produtiva e eficiente, uma vez que o mesmo é capaz de encontrar mais rapidamente, e de forma mais criativa, soluções para os problemas com que diariamente se depara», declara. Ana Raquel Veloso espera que nesta nova etapa haja «espaço para ouvir o que o nosso corpo está a dizer», recordando que «as emoções carregam informações», pelo que é preciso compreender a mensagem que transmitem. «Melhorar os níveis de literacia emocional significa identificar a emoção, conseguir nomeá-la, verbalizá-la, perceber o que ela nos quer dizer e agir em conformidade», explicita. Relativamente ao início do ano letivo, esta especialista alerta que é importante criar um espaço para ouvir as crianças que agora estão a entrar para a escola, não desvalorizando as suas emoções e envolvendo-as na procura de soluções que ajudem a enfrentar a mudança pela qual estão a passar. Por vezes, ouvi-las sem críticas ou juízos de valor, um passeio tranquilizador ou permitir que levem consigo um objeto que as aconchegue e tranquilize é suficiente para as ajudar. No tocante aos profissionais do ensino, como para todos os outros, deixa o conselho que se lembrem que são seres humanos, pelo que têm de encontrar espaço para cuidarem de si, porque isso é essencial para que depois consigam cuidar dos outros.   CLIB promoveu capacitação em boas práticas emocionais O CLIB – Colégio Luso Internacional de Braga promoveu uma ação de capacitação em boas práticas emocionais, transformando temporariamente o ginásio num local de descoberta e treino das emoções. A responsável pela Academia de Fitness Emocional revela ao DM que, ainda antes da pandemia, o ginásio do estabelecimento de ensino foi transformado num “ginásio de emoções”, através de um circuito com os 13 passos do Manual de Fitness Emocional, que era percorrido em forma de jogo. A informação apresentada era bilingue e com recurso a QR Code ouvia-se a leitura do manual. Depois, nas mesas dispostas no ginásio, encontrava-se informação e material para fazer os exercícios propostos. Esta atividade teve como objetivo promover a literacia emocional de forma lúdica aliada ao uso de novas tecnologias. Ana Raquel Veloso refere que este é um exemplo do trabalho que a Academia de Fitness Emocional pode desenvolver com a escolas, no sentido da implementação de boas práticas emocionais.
Autor: Luísa Teresa Ribeiro