O coordenador da União dos Sindicatos do Distrito de Braga defendeu ontem junto dos jornalistas, e antes de subir ao palco da Avenida Central, que a democracia participativa é a garantia da preservação dos direitos conquistados desde Abril de 74 até aos nossos dias.
Para Joaquim Daniel, os últimos tempos demonstraram bem que ninguém pode dar os direitos como algo que está garantido, sendo necessário que todos lutem no dia a dia para que eles não sejam atacados e ameaçados, levando a cabo uma verdadeira democracia participativa.
Esta foi uma das ideias que o coordenador da USB deixou nas comemorações do 25 de Abril que decorreram ontem na Avenida Central, em Braga, e que começaram logo de manhã, com uma demonstração das atividades desportivas realizadas pela Associação Portuguesa de Deficientes (APD).
Já de tarde, e entre o concerto da banda "Progeto Aparte", decorreu a intervenção política de Joaquim Daniel, que começou por lembrar as conquistas de Abril e a história da revolução que terminou com 48 anos de ditadura.
«A revolução de Abril significou um extraordinário progresso da sociedade portuguesa e mostrou conter em si a força e as potencialidades necessárias para empreender a eliminação de muitas das mais graves desigualdades, discriminações e injustiças sociais, contribuindo para a construção de uma nova sociedade democrática», disse.
E, nos dias de hoje, acrescentou, «com a força e determinação da luta dos trabalhadores e do povo, com a ação convergente dos democratas e patriotas, é possível abrir caminho à construção de uma política alternativa, de esquerda e soberana».
Joaquim Daniel recordou ainda que, depois do Governo de coligação PSD/CDS-PP, regista-se uma nova fase da vida política nacional onde os portugueses viram a reposição de rendimentos e direitos e a concretização de medidas que travaram o «caminho do declínio e intensificação da exploração e do empobrecimento».
No entanto, salientou o coordenador da USB, ainda há caminho a fazer, sendo necessário ultrapassar limitações para vencer «os graves problemas estruturais que o país enfrenta».
Neste momento, defendeu, persistem em Portugal o desemprego, a precaridade, os baixos salários, as preocupações quanto à real situação da banca, a situação preocupante nos serviços públicos, em setores do Serviço Nacional de Saúde, nos transportes públicos, o problema de crescimento económico, as ameaças sobre as taxas de juro da dívida pública, e o baixo nível de investimento com graves reflexos no desenvolvimento do país.
Para Joaquim Daniel, o grande problema de Portugal é o défice de produção. «É ele que está na origem de todos os outros, juntamente com o grave problema da elevada dívida que o país apresenta e cujo serviço suga anualmente em juros da dívida pública mais de oito mil milhões de euros para o estrangeiro em prejuízo do investimento necessário para o desenvolvimento do país», disse.
Por isso, o coordenador da USB não hesitou em protagonizar «uma política de defesa e promoção da produção nacional e dos setores produtivos que coloque os recursos nacionais ao serviço do povo e do país e reduza os défices estruturais».
Na sua intervenção, Joaquim Daniel defendeu ainda a valorização do Serviço Nacional de Saúde, uma escola pública gratuita e de qualidade, um sistema de Segurança Social solidário e universal e o alívio da carga fiscal.
Autor: José Carlos Ferreira