O concelho de Braga alcançou o oitavo lugar entre os maiores exportadores nacionais, num “ranking” em que Famalicão ocupa o terceiro posto (1,9 mil milhões) e Guimarães o quinto (1,5 mil milhões), Braga (1,1 mil milhões) e Barcelos (700 milhões).
O potencial exportador regional só é superado pelos concelhos inflacionados pelos "campeões nacionais" – a Galp, a Navigator (ex-Portucel) e Auto-Europa – sendo que a região é composta em 96,6 por cento de empresas com menos de dez trabalhadores, sendo que o Ave só tem 40 empresas e o Cávado 21 empresas com mais de 250 operários.
Sem o potencial industrial e transformador do Vale do Ave, Braga conseguiu ser «o que registou maior crescimento e a maior descido do desemprego» no pós-crise, com as exportações a darem um salto de 19 por cento, como resultado da forte aposta na transferência do conhecimento e na revolução tecnológica dos setores ditos tradicionais, que encontraram em Portugal o ambiente favorável à sua afirmação como produtor de excelência a custo médio/baixo.
A região tem assim «um saldo orçamental altamente positivo» para o país, o que exige um modelo de crescimento «algo diferente do preconizado pelo Governo», precisamente devido ao "peso esmagador" da pequenas e micro empresas.
«São estas empresas que levam o país para a frente e não são estas as responsáveis pela crise do setor financeiro», frisou o presidente da AIMinho António Marques. «Braga, tal como o país, foi dos que sofreu mais a crise devido ao facto de os governos terem "colocado todos os ovos no mesmo cesto" do crédito: os incentivos à construção e ao imobiliário».
«É este setor que é responsável pelas grandes imparidades da banca, enquanto a indústria transformadora recebeu apenas “migalhas” do crétido disponível até aos anos 2000», reforçou.
António Marques falava na abertura do seminário “Crescimento do país – caminhos e soluções”, que contou com a presença do presidente da InvestBraga Carlos Oliveira, do presidente da “Missão Crescimento” Jorge Marrão e do bastonário da Ordem dos Economistas Rui Martinho, além da presença de diversos empresários e responsáveis de informação económica.
A conferência serviu para o líder da InvestBraga reforçar que «quem faz o crescimento são as empresas e os seus colaboradores, cabendo à administração pública facilitar o ambiente económico nacional».
«Queremos um crescimento sustentável, que seja capaz de permitir resolver os problemas estruturais do país, mas é muito significativo que as exportações tenham passado de 35 por cento do PIB, em 2011, para 41 por cento em 2016», salientou Carlos Oliveira.
O antigo secretário de Estado da Inovação considerou «assinalável» este aumento de 6/7 por cento em seis anos, embora tenha notado que «os países mais desenvolvidos exportam 60, 70 ou 80 por cento da sua produção».
O responsável da InvestBraga defendeu que já não existem setores tradicionais, porque «todas as empresas são hoje altamente tecnológicas», tendo neste contexto, o concelho de Braga conseguido «diminuir 5200 desempregados» (de 14 mil para 9 mil), o que constituiu «o maior crescimento de emprego do Norte».
«Aumentamos as exportações em 179 milhões de euros face ao último ano, ou seja mais 19 por cento, uma subida relacionado com o incremento da Bosch e da Delphi, que são dois dos cinco atores globais mais importantes na construção do carro do futuro», frisou.
InvestBraga destaca crescimento das exportações
O “homem forte” da Startup Braga e da InvestBraga, Carlos Oliveira, destacou a grande incorporação de valor de muitas empresas da região "à boleia" do setor automóvel, capitaneado pela Bosch e Delphi, que estão a capacitar empresas para passarem a abastecer-se mais em Portugal.
A Bosch vai criar 1.800 postos de trabalho em 18 meses e somos o único concelho com um Plano Estratégico de Desenvolvimento Económico aprovado, que com base no “+ Indústria” tem 51 empresas que vão investir mais de 350 milhões e criar 2400 postos de trabalho até 2020. Desde o início, a InvestBraga acompanhou 300 projetos de 500 milhões de euros.
Autor: José Carlos Lima