Responder à crise nacional de professores é uma das principais prioridades da nova presidente do Instituto de Educação da Universidade do Minho (UMinho), Assunção Flores, empossada ontem para um mandato de três anos (2025-2028).
O objetivo foi assumido na sessão de tomada de posse da equipa diretiva, que decorreu no auditório multimédia do Instituto com a presença do reitor, Rui Vieira de Castro.
Numa altura em que o Governo prevê a contratação de 38 mil professores até 2034/35, Assunções Flores garantiu que o Instituto de Educação (IE) está disponível para este «desígnio nacional», dado que tem uma «vasta e consolidada experiência» e um «conhecimento especializado em programas de formação robustos», na investigação e «produção científica de excelência, reconhecidos no país e no estrangeiro».
O Ministério da Educação, Ciência e Inovação assinou recentemente contratos-programa para a formação inicial de professores com dez instituições localizadas em áreas com falta de professores, mas a UMinho não está entre estas instituições que irão assegurar 10 mil vagas até 2029/30.
Valorização dos recursos humanos
Reforçar e valorizar os recursos humanos, revistar e aumentar a oferta formativa - tanto nas áreas consolidadas e identitárias do Instituto, como em áreas emergente - são outras prioridades.
A equipa liderada por Assunção Flores compromete-se ainda a reforçar a investigação apoiando os centros do IE no desenvolvimento de estratégias que lhe permitam «ampliar a capacidade de resposta institucional, ampliar a interação com a sociedade, potenciando as valências existentes no IE e reforçando a sua visibilidade na comunidade local, regional, nacional e internacional».
Promover a visibilidade e internacionalização do Instituto através do reforço de parcerias com instituições congéneres, nacionais e estrangeiras, é outra prioridade.
«Urge investir no desenvolvimento e na expansão do IE, definindo estratégias de crescimento e inovando para fazer face aos desafios atuais e futuros, num contexto marcado pela inteligência artificial», defendeu a presidente.
No seu discurso, Assunção Flores não escondeu que o IE atravessa um período «difícil e complexo», agravado nos últimos anos por «questões orçamentais e opções políticas e estratégicas» que, segundo afirmou, têm «implicações na motivação e bem-estar da comunidade académica» e na «capacidade de desenvolver novos projetos».
Os números apresentados revelam a dimensão do problema: em 15 anos, o IE perdeu 45 docentes, entre aposentações e falecimentos. Só nos últimos cinco anos saíram 22, entre os quais três professores catedráticos, um professor associado com agregação e dez associados e oito auxiliares. Em 2026, mais 13 docentes atingem condições de aposentação. Desde 2010, apenas foram contratados seis professores auxiliares, cinco deles nos últimos cinco anos.
«Algumas áreas científicas viram o número de docentes reduzido para metade», lamentou.
Apesar deste cenário, a nova presidente afirmou assumir as funções «com sentido de dever» e confiança nas «potencialidades e sinergias» internas para ultrapassar as dificuldades. A equipa diretiva inclui ainda os vice-presidentes Ana Paula Pereira, Paulo Varela e Marília Gago.
Reitor desafia a soluções inovadoras
O reitor da UMinho saudou o «entusiasmo» da nova equipa, considerando o desejo de responder à situação «difícil e complexa» do IE um «bom prenúncio» para o seu futuro.
Recordando o percurso da Escola de Educação ao longo de 50 anos, Rui Vieira de Castro procurou explicar a razão pela qual esta Unidade orgânica passou de um fase expansionista, nos anos 80 do século XX, para um período de regressão, tendo apontado como principal causa a «quebra profunda» na procura de formação, levando à suspensão da contratações de professores.
Com a previsível retoma da procura de formação de docentes, o reitor defendeu que a IE terá de «adequar os currículos» e «encontrar formas novas de lidar com a formação de professores e educadores», desafiando a nova equipa a encontrar «soluções inovadoras».
Para Rui Vieira de Castro, o Instituto deve assumir uma postura «proativa», com um projeto na área da Educação para apresentar à tutela.
Prestes a completar 50 anos, o Instituto de Educação da UMinho mantém uma oferta alargada de formação — da licenciatura ao doutoramento — nas áreas de estudos da criança, formação de educadores e professores, ciências da educação, desenvolvimento humano, e integra duas unidades de investigação: o CIEC e o Centro de Investigação em Educação.

