Ao ritmo de danças espontâneas e cantares tradicionais à volta da fogueira, realizou-se hoje o magusto popular “A Rusga desce ao Terreiro”, uma iniciativa da Rusga de S. Vicente de Braga – Grupo Etnográfico do Baixo Minho, que juntou dezenas de rusgueiros, amigos e muitos transeuntes junto à Torre de Menagem, em pleno centro histórico de Braga.
Esta 14.ª edição, inicialmente marcada para hoje mas antecipada devido às previsões de mau tempo, trouxe de volta ao “terreiro” as tradicionais danças de folguedo - modas, viras, chulas e outras - não coreografadas, mas marcadas pela espontaneidade e convivência.
Desta forma, disse José Pinto, presidente da Direção, procurou-se recriar os magustos comunitários que se faziam antigamente nas tardes de domingo nos adros das igrejas e nos terreiros das aldeias.
«A maioria dos magustos realizava-se ao domingo à tarde, cumpridos os tradicionais preceitos deste dia, ou seja, a missa que era celebrada de manhã cedo. A juventude ia até ao adro da igreja e antes do Terço aproveitava para namoriscar, e então surgem os folguedos associados ao São Martinho. Fazia-se a fogueira, assavam-se castanhas e saltava-se à fogueira, sempre com danças e música», recordou José Pinto.
Ontem, esse ambiente foi revivido com visível alegria e orgulho pelos membros presentes da Rusga de S. Vicente: dançou-se, cantou-se e partilhara-se castanhas com todos os que se juntaram à volta da fogueira.
O largo junto à Torre de Menagem medieval de Braga tem sido escolhido para este magusto, porque assemelha-se a um terreiro com «ambiente rústico», remetendo para o antigamente, numa ligação à memória popular.
O convívio teve também como propósito mostrar às novas gerações como eram os magustos comunitários, quando as castanhas eram assadas com ‘pruma’ (caruma), apanhada nas bouças.
Por ser novembro, Mês das Almas, o folguedo terminou, como habitualmente, com a recriação do ritual do “botar das almas”, uma tradição antiga protagonizada por um elemento feminino.
«Antigamente, uma pessoa deslocava-se a um ponto alto da freguesia, colocava uma escada junto a uma árvore e daí lançava o pedido para que todos rezassem pelas almas no pergatório para que ascendessem ao céu através de intercessores», explicou José Pinto.
Registo Fotográfico projeta magusto no estrangeiro
Paralelamente, decorreu a 4.ª edição do Registo Fotográfico “A Rusga desce ao Terreiro”, iniciativa destinada a divulgar, promover e documentar o magusto popular.
Este ano, três fotógrafos foram distinguidos por trabalhos realizados na edição do ano passado. Entre eles, Ângela Magalhães, vencedora do Prémio Mundial “Alpha Female/2025” da Sony, cuja fotografia ilustra o cartaz da edição deste ano do Registo Fotográfico.
Outra imagem, captada por Carlos Teixeira, foi uma das selecionadas para ser exibida num painel da Time Square, em Nova Iorque.
«Graças a este Registo Fotográfico, o magusto teve projeção mundial», destacou José Pinto.
Para registar a edição de 2025, inscreveram-se 27 fotógrafos. e vieram duas turmas de escolas de fotografia do Porto e Gaia. Embora o evento não atribua prémios, a partilha das imagens nas redes sociais tem atraído cada vez mais jovens ao magusto.
Concluído este magusto, a Rusga de S. Vicente prepara-se para protagonizar outros espetáculos, já contratualizados, no âmbito de animação de eventos da quadra natalícia.
Em janeiro, voltará a cantar as Janeiras na cidade de Braga, no âmbito do Programa municipal “Braga é Natal”. Antes disse, participará no aniversário da Freguesia de S. Vicente, no início de dezembro, e na Festa em honra do padroeiro, logo a seguir ao Natal.
A Rusga encontra-se ainda a comemorar o seus 60 anos de existência, com um conjunto de iniciativas que decorrem até ao dia de S. João, a 24 de junho.



