O relator do parecer do Comité das Regiões Europeu sobre a “Prontidão Europeia para a Defesa 2030”, Ricardo Rio, defende que Braga e a região Minho podem beneficiar da estratégia comunitária para este setor.
O relatório vai ser votado na manhã da próxima quarta-feira, na 168.ª sessão plenária do Comité das Regiões, que decorre em Bruxelas, ao mesmo tempo que se realiza a 23.ª Semana Europeia das Regiões e dos Municípios.
O vice-presidente do grupo do PPE no Comité da Regiões e presidente da Câmara Municipal de Braga explica que o documento, «do ponto de vista político, enfatiza o papel que as cidades e as regiões podem desempenhar num domínio que, até há pouco tempo, era visto quase exclusivamente como competência dos Estados». «Hoje, perante o contexto geopolítico que a Europa enfrenta, a Defesa deixou de ser uma questão distante e passou a ser uma prioridade transversal, que exige uma abordagem integrada e coordenada a vários níveis de governação», diz.
O autarca adianta que «este parecer defende uma aposta clara na indústria e na capacidade europeia em matéria de Segurança e Defesa», uma vez que «é essencial reforçar a autonomia estratégica da Europa, garantindo que os instrumentos de financiamento da União beneficiam diretamente a indústria europeia, fortalecendo as nossas cadeias de abastecimento e promovendo a inovação».
Nesse sentido, afirma, é proposto «elevar o nível de incorporação de produção europeia de 65% para 70%, assegurando uma preferência europeia clara, e defender que as aquisições conjuntas envolvam, pelo menos, dois Estados-Membros», sendo que estas medidas são «fundamentais para consolidar uma base industrial e tecnológica robusta e verdadeiramente europeia».
Em seu entender, «este posicionamento, além de ser relevante à escala continental, pode também representar uma oportunidade concreta para os territórios». «No caso de Braga e da nossa região, existe um ecossistema tecnológico e científico que pode integrar e beneficiar destas dinâmicas, através do desenvolvimento de clusters regionais ligados à Defesa, do reforço da inovação e da criação de emprego qualificado», declara.
Na sua opinião, Braga e a região têm «um potencial significativo». «A nossa base económica, fortemente ancorada em setores tecnológicos, no conhecimento científico e na capacidade empreendedora, pode posicionar-se para aproveitar oportunidades ligadas ao reforço da base industrial e tecnológica da Defesa europeia. Isto pode traduzir-se em novas parcerias, investimento em inovação, criação de emprego qualificado e diversificação económica, sempre num quadro de paz, segurança e desenvolvimento sustentável», vinca.
«Espero que este relatório contribua para uma visão europeia mais coesa e autónoma, onde as cidades e regiões são parte ativa da estratégia de Defesa comum, articulando Segurança, Inovação e Desenvolvimento económico», enfatiza.
Em termos pessoais, admite que o facto de ser relator de um dos temas mais importantes da política europeia da atualidade e de fazer parte da equipa de lançamento do Grupo de Trabalho sobre Defesa do Comité das Regiões é «naturalmente uma grande responsabilidade e também um sinal da confiança» que os colegas daquele órgão consultivo europeu depositam no trabalho que tem vindo a realizar em áreas tão diversas como o Desenvolvimento Sustentável e a Economia Social.