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Semana Santa de Braga é sustentável e respeita o ambiente

Semana Santa de Braga é sustentável e respeita o ambiente
Fotografia Avelino Lima

Jorge Oliveira

Jornalista

Publicado em 11 de setembro de 2025, às 16:45

Comissão apresentou estudo sobre pegada ecológica

A Semana Santa de Braga tem um impacto ambiental reduzido, comparativamente a outros eventos de grande dimensão como jogos de futebol ou festivais de música.

Esta é uma das principais conclusões de um estudo que foi apresentado ontem pela Comissão da Quaresma e Solenidades da Semana Santa de Braga, com base num inquérito realizado a visitantes e turistas por altura da Semana Santa de 2025 e em informações sobre uso de transportes, consumos (alimentar, água), alojamento e resíduos. 

«Este estudo mostra-nos que a Semana Santa é um evento sustentável, que respeita o ambiente e que está em linha, que está perfeitamente alinhado com aquilo que é o pensamento do Magistério da Igreja sobre a sustentabilidade, sobre a responsabilidade pela Casa Comum», destacou o coordenador do estudo, o cónego Luís Miguel Rodrigues, professor da Universidade Católica Portuguesa.

Conduzido pela consultora Mossgreen, o relatório “Pegada Ambiental da Semana Santa de Braga” aponta um impacto médio de 27,3 kg CO₂ por visitante/dia e um total de cerca de 8.183 toneladas. 

Segundo o relatório, estes valores «ficam abaixo dos registados noutros grandes eventos culturais e religiosos internacionais, reforçando o perfil moderado e sustentável das celebrações bracarenses», dando o exemplo de um jogo de futebol do campeonato mundial que gera entre 44 e 72 mil toneladas de CO₂ ou de um festival de música em que cada pessoa é responsável pela emissão de 64 Kg de CO₂.

Transportes maiores emissores de CO2

O estudo indica que a maior parte das emissões poluentes esteve associada à mobilidade, responsável por mais de 75% da pegada, sobretudo no transporte aéreo de turistas internacionais. Ainda assim, a forte presença de visitantes locais e regionais contribuiu para reduzir a intensidade carbónica global, reforçando a ideia de um evento de proximidade, com menor recurso a transportes de longa distância e consumos excessivos.

Impactos controlados em resíduos e água

Os consumos complementares apresentaram também valores moderados, assinala o estudo, revelando que o excedente de resíduos urbanos foi de 86 toneladas (apenas mais 7% face a semanas anteriores), enquanto o aumento no consumo de água foi de 9%, o que representa 34.125 m³ adicionais. 

«No plano alimentar, a pegada revelou-se também contida (6,2 kgCO₂ e por visitante/dia), em grande parte devido ao perfil mais sóbrio do evento, em contraste com festivais de música ou desportivos», acrescenta.

Estes resultados, reforçou o cónego Luís Miguel Rodrigues, vão ao encontro das preocupações do Papa Francisco expressas na Laudato Si’ e na Laudate Deum, onde a Igreja católica apela à conversão ecológica e a estilos de vida sustentáveis. 

«A pegada da Semana Santa não é apenas medida em toneladas de carbono, mas em sinais de uma humanidade capaz de unir contemplação e responsabilidade, silêncio e compromisso, tradição e profecia. Se cada vela acesa nas procissões ilumina o rosto de cada participante, cada escolha sustentável acenderá também uma centelha de esperança para as gerações que hão de vir», concluiu.

O presidente da Comissão da Quaresma e das Solenidades da Semana Santa de Braga, o cónego Avelino Amorim, referiu que este estudo confirma a convicção que a Comissão tinha de que os turistas são sobretudo peregrinos e que a Semana Santa é um evento que causa uma pegada ecológico menor que outras iniciativas.

Durante a apresentação, Luís Filipe Silva, um dos fundadores da Mossgreen, empresa que desenvolveu o estudo, apontou algumas sugestões para reduzir a pegada ambiental daquela que é uma das mais emblemáticas celebrações religiosas ibéricas e europeias.

O cónego Avelino Amorim referiu que estas sugestões/iniciativas compensatórias (ler texto na página seguinte) são muito importantes para minimizar os efeitos da pegada ambiental.

«Há  alguns aspectos onde podemos melhorar, na colaboração com as

instituições locais. O ideal seria a pegada zero e queremos caminhar, pelo menos, o mais próximo desse objetivo», disse.

O responsável elogiou o estudo, referindo que a partir destes dados

«muito fiáveis que dão 95% de garantia» poderá ser possível já na próxima edição da Semana Santa adotar alguma medida que ajude a mitigar o impaco ambiental do evento, sobretudo a nível dos transportes.

De acorco com este relatório, a Semana Santa de Braga de 2025 recebeu cerca de 300 mil visitantes, dos quais 5 por cento turistas. Perto de 53 por centos dos inquiridos referiu que estava em Braga pela primeira vez, sinal de que a Semana Santa de Braga está a atrair novos públicos. 

Cerca de 60 por cento eram estrangeiros, vindos de países como Espanha, Brasil, entre outros.

Cerca de 57 por cento dos visitantes usou o carro particular para se descolar a Braga. O comboio foi utilizado por apenas 10 a 11 por cento dos visitantes.