O Arquivo Municipal de Braga inaugurou hoje uma instalação artística concebida por alunos, a partir do espólio artístico do mestre José Veiga preservado na instituição.
A exposição, intitulada “Um Movimento a Veiga”, está patente no exterior do edifício do Arquivo e integra-se nas comemorações do centenário deste artista bracarense, autor de muitas das ilustrações do cartaz oficial das festas de S. João de Braga.
A inauguração ocorreu no final da assinatura de protocolos de aquisição de património arquivístico que permitiram a integração no Arquivo de quatro novos espólios - três doados por particulares e um recebido a título de depósito por uma instituição pública, a Autoridade para as Condições do Trabalho.
A obra ontem inaugurada foi criada por 180 alunos do 9.º ano do Agrupamento de Escolas Francisco Sanches, num processo criativo desenvolvido desde janeiro deste ano, em contexto de sala de aula e de residência artística, inserindo-se no programa MEMORAR - Mediação Cultural do Arquivo Municipal de Braga, cujo objetivo passa pela aproximação de diferentes públicos ao património documental e artístico da cidade.
Com base em elementos simbólicos das sanjoaninas de Braga, pintados por José Veiga, os alunos exploraram desenhos e estudos em papel vegetal e transpuseram estas figuras para placas acrílicas, suporte cuja transparência serviu de base conceptual a esta instalações, constituída por cerca de 30 peças.
Destacam-se, particularmente, vasos invertidos que o artista utilizou como ponto de partida para a criação das formas dos balões tradicionais de São João. Reinterpretando esse processo criativo, os alunos partiram também de diferentes formatos de vasos para conceber os seus próprios balões.
As peças são sustentadas por estruturas de madeira, remetendo para as bases usadas nas emblemáticas decorações sanjoaninas idealizadas pelo mestre Veiga. Iluminadas por sistema de energia solar, revelam-se plenamente à noite, projetando sombras e reflexos ao redor.
Alunos ajudam a divulgar a arte
O presidente da Câmara de Braga, que esteve presente na inauguração, enalteceu estes projetos artísticos realizados por alunos, referindo que representam um contributo importante para a divulgação e conhecimento do espólio de artistas do concelho, neste caso do mestre José Veiga.
Ricardo Rio convidou os bracarenses a visitar esta instalação e fruir dos efeitos luminosos ao anoitecer.
O diretor do Agrupamento de Escolas Francisco Sanches, Arlindo Sousa, agradeceu o convite para desenvolver este projeto artístico, o qual constituiu uma oportunidade para os alunos conhecerem a obra do mestre José Vega e a antiga Escola Francisco Sanches, e expressou o seu reconhecimento pelo trabalho dos alunos e professores.
Na inauguração estiveram também as filhas do mestre José Veiga, Conceição e Helena Veiga, que expressaram «profunda emoção» por este momento simbólico em homenagem ao pai.
«Celebrar o centenário do nascimento do nosso pai é mais do que recordar a vida de um artista, é reconhecer a permanência do seu legado no pulsar criativo desta cidade. Ver o seu espólio ser reiterpretado e celebrado por jovens alunos é para nós um comovente gesto que reafirma a força viva da arte como ponte das gerações», afirmaram.
As filhas de José Veiga agradeceram ao Arquivo Municipal por preservar com «tanto zelo» a obra do pai, e ao Agrupamento de Escolas Francisco Sanches por lhe «dar nova voz», através «das mãos, olhares e sensibilidade destes jovens».