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Físico formado na UMinho vence bolsa de 1,2 milhões de euros na Dinamarca

Físico formado na UMinho vence bolsa de 1,2 milhões de euros na Dinamarca
Fotografia UMinho

Redação

Publicado em 11 de fevereiro de 2025, às 10:42

Investigador natural de Vieira do Minho vai para estudar interações luz-matéria.

O físico português André Gonçalves, distinguido com a prestigiada bolsa Young Investigator da Fundação Villum, irá investigar nos próximos cinco anos, na Dinamarca, as complexas interações entre a luz e a matéria à escala nanométrica. 

A bolsa, no valor de 9 milhões de coroas dinamarquesas (aproximadamente 1,2 milhões de euros), permitirá ao investigador aprofundar o entendimento sobre este fenómeno, que ocorre a uma escala extremamente reduzida, da ordem do nanómetro – ou seja, mil milhões de vezes menor que o metro.

Natural de Vieira do Minho e com 34 anos, André Gonçalves possui uma vasta formação académica, tendo iniciado o seu percurso na Universidade do Minho, onde se licenciou em Física pela Escola de Ciências. Prosseguiu os seus estudos com um mestrado em Física Teórica pela Universidade do Porto e doutoramento em Física pela Universidade Técnica da Dinamarca (DTU). 

A sua experiência internacional inclui um pós-doutoramento na Universidade do Sul da Dinamarca e no Instituto de Ciências Fotónicas (ICFO), em Barcelona, além de passagens por instituições como a Universidade Ludwig Maximilian de Munique (Alemanha) e o prestigiado MIT (Massachusetts Institute of Technology). Actualmente, é professor de Física Teórica e Computacional na Universidade do Sul da Dinamarca.

Ao longo da sua carreira, Gonçalves tem sido reconhecido com vários prémios, incluindo distinções da UMinho, Fundação Gulbenkian, DTU, Springer Nature e da Sociedade Europeia de Física. A sua produção científica inclui dois livros e 35 artigos em revistas internacionais especializadas.

De volta à Dinamarca para liderar uma equipa de investigação

Recordando a sua formação na Universidade do Minho, André Gonçalves revela-se grato pela experiência inicial. “Guardo boas memórias da UMinho, onde dei os primeiros passos na investigação sob a orientação do professor Nuno Peres”, afirma. Com grande entusiasmo, o físico regressa agora à Dinamarca, onde irá liderar uma equipa independente focada no estudo das interações luz-matéria à nanoescala. “O nosso objetivo é aprofundar a compreensão sobre este fenómeno e explorar novas formas de controlar essas interações de uma maneira inovadora e sem precedentes”, explica.

Embora o foco inicial da investigação seja teórico, Gonçalves acredita que os resultados podem abrir portas para o desenvolvimento de novos dispositivos quânticos e circuitos optoeletrónicos ultrarrápidos. Estes dispositivos poderiam ser aplicados em diversas tecnologias avançadas, como microscopia de alta resolução, sensores biológicos e químicos ultrassensíveis, ou até gerar novas aplicações ainda inimagináveis.

A importância da investigação fundamental

Gonçalves vê a investigação científica como um motor de inovação. “A investigação fundamental é um pilar para o desenvolvimento de novas tecnologias que beneficiam a sociedade. As interações luz-matéria são essenciais para áreas científicas e tecnológicas fundamentais, e têm um impacto profundo em muitas das inovações do futuro”, sublinha o investigador, que atualmente vive em Copenhaga. A bolsa Villum Young Investigator permitirá também o recrutamento de dois doutorandos e um pós-doutorando para o seu projeto.

O que está por trás do tunelamento quântico

No plano técnico, o conceito-chave da investigação será o "tunelamento quântico". Trata-se de um fenómeno no qual uma partícula ultrapassa uma barreira que, segundo a física clássica, não deveria conseguir atravessar. O objetivo de Gonçalves é explorar o potencial deste processo quântico para controlar as interações luz-matéria à verdadeira nanoescala, ou seja, a uma escala que é um milhar de vezes mais pequena que um milímetro.

A investigação irá centrar-se em nanoestruturas compostas por novos materiais que podem suportar polaritões — quasipartículas híbridas, resultantes da combinação de luz e matéria. Este estudo permitirá à equipa de Gonçalves explorar novos fenómenos optoelectrónicos, investigar a resposta de diversos tipos de nanomateriais com propriedades complexas e aprimorar as espectromicroscopias já existentes. “Vamos investigar novas fronteiras na óptica e no controlo de materiais à nanoescala, algo que pode ter implicações profundas em várias tecnologias de ponta”, conclui.