Os 20 anos de atividade da Confraria Gastronómica do Abade vão ser perpetuados num livro, cuja publicação deverá acontecer já durante este mês de janeiro.
O anúncio foi feito no âmbito do jantar confrádico de dezembro, que decorreu no Restaurante Bem-Me-Quer, no Campo das Hortas, uma referência da gastronomia bracarense, que está a comemorar 70 anos de trabalho.
O evento contou com a participação do enólogo principal das Caves da Montanha, Bruno Seabra, profissional que está a festejar 25 anos de carreira, com o lançamento do espumante Montanha Real 2010.
Em clima de celebração natalícia, o presidente da Confraria Gastronómica do Abade, Agostinho Peixoto, adiantou que o livro que está a ser preparado pretende contar a história desta organização, desde os seus primórdios até à atualidade.
Para o efeito, revelou, foram recolhidos testemunhos de quem criou a confraria, dos restaurantes por onde passou e das pessoas que ao longo de duas décadas têm contribuído ininterruptamente para a valorização da gastronomia regional e dos vinhos nacionais.
Este vai ser o corolário do programa comemorativo do 20.º aniversário, que teve como pontos altos um capítulo e um jantar de gala.
Para a história vai ficar a concretização do sonho da instalação da sede em metade da Escola Primária de Priscos, espaço que foi cedido pela Câmara Municipal de Braga.
Agostinho Peixoto revelou que o espaço vai permitir a diversificação e a intensificação do trabalho da confraria.
Entre as prioridades está a criação da tão aguardada Confraria dos Abadinhos, uma estrutura dedicada às crianças, que possa envolver a comunidade de Priscos em particular e de Braga em geral no gosto pela preservação e valorização da gastronomia local.
Na calha está também o projeto bibliográfico “Gastronomia das Avós”, que visa fazer a recolha das receitas que até agora têm sido passadas de geração em geração através da oralidade e que correm o risco de desaparecer se não existirem em formato escrito.
Paralelamente, o objetivo é que a sede acolha a realização de palestras e de eventos gastronómicos, como a apresentação de produtos ou de vinhos. «Não vamos ter eventos de restauração, uma vez que nunca vamos fazer concorrência aos restaurantes. O nosso objetivo é ajudar as empresas a faturarem, a serem viáveis economicamente», afirma.
Em declarações ao Diário do Minho, este dirigente lembra que os jantares mensais decorrem nos restaurantes locais, aliando a divulgação da gastronomia aos produtores nacionais de vinhos. «Ainda recentemente tivemos a confirmação por parte do presidente da Federação das Confrarias Gastronómicas Portuguesas que somos, neste momento, a única confraria em Portugal que realiza um jantar mensal. É algo emblemático, que nos enche de orgulho», sublinha.
Inicialmente, a confraria começou pela divulgação dos Vinhos Verdes, mas acabou por alargar o âmbito a todo o território nacional, incutindo uma vertente pedagógica a cada um dos jantares confrádicos. Estes encontros passaram a contar, desde janeiro de 2022, com a presença de um produtor e de um convidado palestrante oriundo de diversos setores de atividade, que enriquecem os serões com os seus contributos. «Já tivemos a presença de oito regiões vitivinícolas nos jantares da confraria», contabiliza, recordando a visita a 17 municípios.
A Confraria Gastronómica do Abade foi instituída a 9 de novembro de 2004, por 11 fundadores. Duas décadas depois, a organização conta com 48 confrades.
Espumante assinala 25 anos de carreira do enólogo Bruno Seabra
O jantar natalício da Confraria Gastronómica do Abade foi palco da prova em primeira mão do espumante Montanha Real – Edição Especial 2010, Grande Reserva, um tributo aos 25 anos de carreira do enólogo Bruno Seabra.
Um dia antes da apresentação oficial deste espumante em Oliveira do Bairro, o enólogo esteve em Braga, a 18 de dezembro, para falar do seu percurso profissional e do trabalho que tem desenvolvido nas Caves da Montanha, produtor da Bairrada que completou 80 anos em 2023.
Para festejar as bodas de prata profissionais, Bruno Seabra lançou um espumante de Baga e Chardonnay, que pretende representar o trabalho que tem desenvolvido. «Aquilo que eu tentei transmitir é o rigor, a complexidade, a experiência, num espumante no qual conseguimos perceber o estágio, mas também a frescura», explica.
Em seu entender, este espumante é um exemplo daquilo que a Bairrada pode fazer, com capacidade para brilhar a nível internacional. «É importante passarmos a mensagem que os portugueses têm capacidade para poder competir com os grandes champanhes, com os grandes cavas, com os grandes proseccos. É preciso perceber que, havendo trabalho e união, podemos transmitir aquilo que se faz de excelente na região da Bairrada», afirma.
Com um quarto de século de atividade, o enólogo recusa-se a descansar e revela que estabelece novos objetivos de trabalho, porque se pode «fazer sempre algo melhor». A partir de agora, vai contar com a colaboração do filho, Bernardo Seabra, representando o acréscimo de talento e de novas vivências, no sentido da contínua afirmação da Bairrada.
As Caves da Montanha produzem 3,5 milhões de garrafas de espumantes, sendo 1,5 milhões com denominação DOC Bairrada. São, assim, os maiores produtores de espumantes na região e um dos maiores do país em termos de espumantização.