O ano de 2025 arranca com uma programação extensa no Theatro Circo, com diversos espetáculos agendados para a primeira quinzena. Momentos de mediação, o regresso do ciclo Contraponto, teatro e oficinas preenchem as primeiras semanas do ano.
No primeiro sábado do ano, às 11:00, o Theatro Circo abre portas à sua programação própria com uma atividade de mediação já bem conhecida do público – Companhia de Espectadores. Em 2025, é feito o convite a embarcar numa nova descoberta dos clássicos do teatro, explorando como os artistas e companhias de hoje reimaginam esses textos à luz das inquietações e temas contemporâneos.
"Guiados pelo BALA_Núcleo Dramatúrgico, os encontros serão momentos de partilha e reflexão, com foco na descoberta das diferentes camadas que tornam estas obras tão vivas no presente", refere o comunicado do Theatro Circo. A inscrição é gratuita e deve ser feita através do e-mail [email protected].
No dia 10 de janeiro, às 21:30, o encenador Marco Paiva, pela sua companhia Terra Amarela, leva ao palco, a partir de William Shakespeare, um Ricardo III em Língua Gestual Portuguesa e Língua de Signos Espanhola.
Ricardo III é um documento de propaganda que prova que uma mentira, repetida mil vezes, se pode transformar numa verdade oportunista, espelhando os nossos dias, onde muito do que parece, não é.
No dia seguinte, às 14:30, Marco Paiva dirige a Oficina de Criação Teatral – Como desenhar um território?, inserida no ciclo Formas de Fazer, que propõe atividades paralelas aos espectáculos com o objetivo de criar um espaço de partilha de práticas, metodologias e formas de trabalho de artistas e colectivos que visitam o Theatro.
"Nesta oficina, a construção de um espaço comum é uma acção em constante movimento, e o seu sucesso depende, em larga medida, da nossa capacidade de alimentar um diálogo permanente com esse mesmo espaço, de nos mantermos atentos às suas mutações e de agirmos estrategicamente sobre a sua diversidade", afirma o comunicado.
Os Mão Morta, que actuam no dia 18 na Sala Principal, convidam Carlos Martins, Manuel Loff, Sílvia Correia e Luís Trindade para a conversa Do fascismo à extrema-direita e vice-versa, que decorrerá no dia 11, às 11:00.
Esta conversa, moderada por Miguel Pedro, faz parte integrante do espectáculo Viva La Muerte! e oferece uma abordagem reflexiva, mais rigorosa e esclarecedora, através de um momento de partilha de conhecimento e saber, com o conceito de fascismo a ser abordado por politólogos, filósofos e historiadores, em diálogo com o espectáculo.
Ainda no dia 11, às 21:30, a Jovem Orquestra Portuguesa interpreta Rzewski e Shostakovich, naquele que é o primeiro momento do Contraponto, um ciclo dedicado à composição dos séculos XX e XXI. Com direcção musical de Pedro Carneiro, narração de Miguel Azguime e encenação de Teresa Simas, o programa começa com uma obra-prima do nosso tempo, Coming Together, de Frederic Rzewski, combinada com o texto de Sam Melville, resgatado por Rzewski a partir de cartas que Sam havia escrito na prisão de Attica. Haverá ainda espaço para a audição da Quinta Sinfonia de Dmitri Shostakovich, que inspira o ouvinte a uma reflexão sobre a violência, a propaganda, o júbilo e a comemoração forçada.
Este concerto, em forma de contemplação colectiva, será celebrado pela energia incandescente da Jovem Orquestra Portuguesa, composta por jovens músicos com idades entre os 14 e os 28 anos, seleccionados através de audições em todo o território nacional, todos os anos, sem distinção de origem académica, promovendo a sua especialização e formação.