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Estudo da UMinho mostra impacto humano no aumento de gases de efeito estufa nos rios

Estudo da UMinho mostra impacto humano no aumento de gases de efeito estufa nos rios
Fotografia UMinho

Redação

Publicado em 21 de novembro de 2024, às 10:40

Estudo internacional avaliou 50 rios do Norte de Portugal e foi publicado na “Global Change Biology”

Um estudo internacional liderado por Cláudia Pascoal, diretora do Centro de Biologia Molecular e Ambiental (CBMA) da Escola de Ciências da Universidade do Minho, publicado na revista “Global Change Biology”, mostra que o efeito das atividades humanas nos rios contribui para aumentar a concentração de gases com efeito de estufa nas suas águas, potencialmente intensificando a crise climática. 

Segundo comunicado divulgado hoje pela Universidade do Minho, os investigadores analisaram amostras de gases com efeito de estufa e mediram o metabolismo dos ecossistemas em 50 rios do Norte de Portugal ao longo de um gradiente de impactos humanos, verificando-se o aumento de nitratos, da temperatura e da redução de oxigénio na água. 

A equipa concluiu que estes impactos combinados podem duplicar a concentração de gases com efeito de estufa nos rios. 

Cayetano Gutiérrez, da Universidade Rey Juan Carlos (Espanha) e coautor do estudo, destacou que se percebeu pela primeira vez que a “soma de vários impactos antropogénicos” aumenta a concentração de gases com efeito de estufa, nomeadamente dióxido de carbono e metano, que podem ser emitidos para a atmosfera”. 

Segundo ele, “muitos rios estão expostos a múltiplos impactos, aumentando assim o risco de agravamento da crise climática se não forem tomadas medidas para melhorar a saúde desses ecossistemas”. 

Os resultados da pesquisa indicaram ainda que a escala espacial dos impactos humanos afeta de forma diferente as concentrações de dióxido de carbono e de metano nos rios. 

“O dióxido de carbono, mais solúvel, pode percorrer longas distâncias e responder a impactos à escala da bacia hidrográfica, devido às atividades agrícolas ou ao escoamento urbano. O metano, menos solúvel, escapa rapidamente para a atmosfera, respondendo aos impactos locais e aos da bacia hidrográfica”, explicou Daniel von Schiller, da Universidade de Barcelona (Espanha) e igualmente coautor da investigação. 

O estudo tem implicações para a gestão dos rios, onde as medidas de restauro geralmente se focam em ações locais. 

“Os nossos resultados reforçam a necessidade de uma gestão integrada à escala da bacia hidrográfica, não só para preservar a biodiversidade e os benefícios que os rios providenciam à sociedade, mas também para evitar o agravamento da crise climática", conclui Cláudia Pascoal, que é também diretora do Instituto de Ciência e Inovação para a Bio-Sustentabilidade (IB-S) da UMinho. 

Esta pesquisa teve o apoio da Fundação para a Ciência e a Tecnologia, do FEDER e de bolsas da Fundação "la Caixa" e Marie Curie.