Braga é finalista do prémio Cidade Inovadora em Ascensão na Europa. A chegada à final desta distinção coloca a cidade «no mapa europeu como um centro de inovação», reforçando a atratividade do concelho para captar investimento e talento a nível mundial. O vencedor é anunciado hoje, tendo como cenário o palco global da Web Summit, em Lisboa.
Braga compete com Linz (Áustria) e Oulu (Finlândia) pela distinção como Cidade Inovadora em Ascensão na Europa (iCapital), um prémio instituído pela Comissão Europeia, cujo resultado é conhecido hoje à tarde, na Web Summit, em Lisboa, numa cerimónia que conta com a presença da comissária para a Inovação, Investigação, Cultura, Educação e Juventude, Iliana Ivanova.
Depois de ter sido semifinalista em 2020, Braga chegou este ano à final do prémio, o que garante à cidade projeção mundial e novas oportunidades, uma vez que torna o concelho mais apelativo para investidores, empresas e talentos qualificados.
«Ser finalista é um óbvio reconhecimento do compromisso que Braga tem com a inovação e o desenvolvimento sustentável. Este destaque, só pelo facto de estarmos na lista dos três finalistas, coloca Braga no mapa europeu como um centro de inovação», afirma o presidente da Câmara Municipal, Ricardo Rio.
«Ser finalista deste prémio reforça a atratividade de Braga para a captação de investimento, mas também de talentos e novas parcerias internacionais. Ajuda a posicionar a nossa cidade ao lado de outras cidades inovadoras e dinâmicas na Europa», declara.
Para além do prémio monetário – 500 mil euros para o vencedor ou 50 mil euros para o segundo e terceiro classificados –, o autarca salienta que esta projeção «pode impulsionar o apoio ao empreendedorismo e à economia local, pois aumenta a visibilidade da cidade e atrai iniciativas que favorecem o crescimento de negócios e a criação de novos projetos inovadores».
Soluções inovadoras em diversas áreas
Braga foi selecionada como finalista «devido à sua capacidade em desenvolver soluções inovadoras em diversas áreas, desde “clusters” tecnológicos até às indústrias culturais e criativas». «A cidade estabeleceu um ecossistema forte de inovação, focado na colaboração e na inclusão, com iniciativas como os programas InvestBraga e Startup Braga, que têm impulsionado o crescimento de startups e novas empresas, bem como a atração de empresas para o nosso território, com a criação e o aumento de empregos qualificados», explica o edil.
Em declarações ao Diário do Minho, refere que o ecossistema de Braga «é caracterizado por uma forte colaboração entre diferentes setores, como o público, privado e o terceiro setor, criando uma rede sólida de apoio à inovação e ao empreendedorismo». «A Câmara Municipal de Braga tem desempenhado um papel ativo, promovendo políticas públicas que facilitam a cooperação, oferecendo incentivos fiscais, apoio à internacionalização e à captação de investimento. Essas medidas têm sido essenciais para fortalecer o ecossistema de inovação e garantir que Braga se mantenha na vanguarda da inovação na Europa», diz.
Por outro lado, o edil reconhece que «o papel das instituições de ensino superior em Braga tem sido fundamental para a transformação da cidade num centro de inovação», considerando que, «sem a contribuição da Universidade do Minho, seria difícil imaginar que a cidade tivesse alcançado este estágio de desenvolvimento e tem sido um pilar central, não apenas pela sua excelência académica, mas também pelos seus centros de investigação que geram inovação».
«O Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia (INL) e outros centros de investigação associados à UMinho desempenham um papel de destaque na promoção da ciência e da tecnologia, pois colocaram a cidade, mas também a região, no mapa internacional da inovação. Para além disso, o IPCA e a Universidade Católica também têm contribuído com a sua experiência e conhecimento, colaborando com a cidade e as empresas para criar um ambiente propício à inovação e ao empreendedorismo», acrescenta.
Impacto direto na qualidade de vida dos cidadãos
Ricardo Rio considera que as iniciativas de inovação «não se limitam apenas ao ambiente empresarial», mas abrangem «organizações da sociedade civil e outras entidades, promovendo uma abordagem colaborativa e multidisciplinar. Este ecossistema é, portanto, não apenas um motor de desenvolvimento económico, mas também uma plataforma para o crescimento social e cultural, garantindo que a inovação seja acessível e beneficie a comunidade de uma forma mais ampla e equitativa».
Olhando para a realidade social, argumenta que «o tem sido feito em Braga gera postos de trabalho qualificados e contribui para o dinamismo económico local, valorizando todos os nossos cidadãos. A inovação em Braga não é apenas algo visível nos números das empresas ou na economia, mas também no impacto direto na qualidade de vida dos cidadãos, seja pela melhoria dos serviços, seja pela criação de novas oportunidades e pela construção de uma cidade mais inteligente, inclusiva e sustentável».
Este reconhecimento tem um forte impacto no incentivo à participação cívica, pois motiva a população a sentir orgulho na cidade e a envolver-se ativamente em projetos de desenvolvimento para o seu futuro.
«A inclusão e a participação da comunidade têm sido uma prioridade, garantindo que os benefícios da inovação cheguem não apenas às empresas e aos investidores, mas também aos bracarenses comuns. Daí iniciativas do âmbito cultural ou da inovação social que são desenvolvidas», assevera.
O autarca indica que uma das principais formas de promover este envolvimento tem sido «através de iniciativas de educação e capacitação». «Braga tem investido em espaços colaborativos e “hubs” de inovação que estão abertos à população, permitindo que qualquer pessoa com interesse em novas tecnologias ou ideias empreendedoras tenha acesso a recursos, apoio e “networking”. A Startup Braga e o Human Power Hub são espaços de excelência neste sentido», sublinha.
Plataforma para trocar experiências e soluções
Pelo facto de ter chegado a esta fase da competição, Braga passa a fazer parte do grupo de trabalho do Fórum do Conselho Europeu de Inovação – iCapital Alumni Network –, que reúne as cidades finalistas do prémio, ganhando «uma plataforma privilegiada para trocar experiências e soluções com outras cidades que têm se destacado pela sua capacidade de inovar e transformar as suas comunidades». «Tenho a expectativa que Braga possa aceder a novos financiamentos, investimentos e parcerias internacionais, o que obviamente irá fortalecer o ecossistema local de inovação», perspetiva Ricardo Rio.
Os prémios Capital Europeia da Inovação (iCapital) celebram este ano uma década de reconhecimento das cidades que são pioneiras na concretização de soluções inovadoras para os seus cidadãos. Promovida pela Comissão Europeia e apoiado pelo Conselho Europeu de Inovação, no âmbito do programa Horizonte Europa, a distinção visa reconhecer cidades que se tornam modelos para outras localidades, ao criarem ecossistemas de inovação inclusivos.
O troféu tem a categoria a Capital Europeia da Inovação, para cidades com uma população superior a 250 mil habitantes, sendo Espoo (Finlândia), Turim (Itália) e Midlands Oeste (Reino Unido) as candidatas a um prémio de um milhão de euros. Lisboa foi a vencedora na edição de 2023.
Braga é finalista na categoria Cidade Inovadora em Ascensão na Europa, destinada a localidades entre 50 mil e 249 999 habitantes. O presidente da Câmara marca hoje presença nas cerimónias protocolares integradas na Web Summit, divulgando a cidade numa iniciativa que reúne 71.528 participantes de 153 países, 3050 empresas em exposição, 1066 investidores, 953 oradores e 2005 meios de comunicação social.
Startups garantiram mais de 438 milhões em investimento

O presidente da Câmara Municipal, Ricardo Rio, afirma que a InvestBraga e Startup Braga «têm sido cruciais» para a dinamização do ecossistema de inovação da cidade, realçando também o trabalho do Human Power Hub na área da inovação social e a aposta nas áreas emergentes das “media arts”.
Os dados indicam que, ao longo dos últimos 10 anos, a Startup Braga apoiou mais de 250 startups, incluindo uma “unicórnio” – designação para startups que atingem o valor de mil milhões de dólares sem estarem cotadas nas bolsa –, a Sword Health, que atualmente está avaliada em mais de 3 mil milhões de dólares.
Durante a última década, estas startups conseguiram garantir mais de 438 milhões de euros em investimento, o que, para o autarca, evidencia «o impacto positivo do programa no crescimento das empresas locais e na atração de capital».
Adicionalmente, a Startup Braga implementou mais de 100 programas de aceleração, além de atividades de capacitação e “networking”, promovendo a inovação e o empreendedorismo na cidade.
Por seu turno, a InvestBraga apoiou mais de 1000 projetos de investimento, dos quais 347 são internacionais, «o que demonstra a crescente internacionalização de Braga e o reconhecimento do seu ecossistema de inovação a nível global», diz o edil.
«A InvestBraga tem sido fundamental para atrair investidores internacionais, oferecendo apoio às startups locais para que possam captar capital e expandir-se para além-fronteiras», constata, aludindo que a cidade tem «promovido iniciativas para facilitar o acesso a redes de investidores, como a organização de eventos e “roadshows” internacionais, que colocaram Braga em contacto com investidores e parceiros de todo o mundo».
O responsável autárquico destaca que «Braga tem atraído investimento e talento internacional e isso tem sido um dos pilares do seu crescimento como “hub” de inovação e empreendedorismo». «A internacionalização é um objetivo claro para Braga, com a cidade a ser um ponto de ligação entre o ecossistema de inovação português e o mercado global», aponta.
Por outro lado, recorda que «Braga tem implementado várias ações para atrair profissionais qualificados e altamente especializados». «A cidade oferece condições de trabalho competitivas e uma elevada qualidade de vida, o que tem sido um atrativo para muitos profissionais estrangeiros, especialmente nas áreas de tecnologia, saúde e inovação social. Somos hoje considerados uma “smart talent city” e estamos a trabalhar nesta matéria com outras cidades internacionais», enfatiza.
Câmara quer projetos de inovação em contexto urbano

O presidente da Câmara de Braga, Ricardo Rio, vê com «expetativa» o desenvolvimento de uma parceria em articulação com a SDSN Portugal – rede nacional que visa a implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – que tem em vista trazer para a cidade estudantes de mestrado e doutoramento para a criação de projetos de inovação em contexto urbano, em ligação à academia local.
Na sua opinião, as tecnologias emergentes e inteligência artificial são as áreas de ponta que podem ter mais impacto no futuro de Braga. Aponta também a saúde digital e a biotecnologia, pois Braga «tem o potencial de se destacar no setor da saúde digital, incluindo soluções como telemedicina, “wearables” e inteligência artificial aplicada à saúde, em colaboração com o INL e a Universidade do Minho. A biotecnologia também poderá crescer, dado o ecossistema de investigação da cidade».
Enumera a «sustentabilidade e economia circular, pois Braga tem espaço para desenvolver novas tecnologias e modelos de negócios centrados em práticas ecológicas e soluções inovadoras para gestão de resíduos, eficiência energética e mobilidade verde».
O autarca considera que, «como cidade das Media Arts da UNESCO, Braga tem também um forte potencial nas indústrias culturais e criativas, como o design, as artes digitais e as “media arts”, que podem contribuir para a diversificação económica e posicionar a cidade como um centro cultural de referência na Europa».
Combater a fuga de jovens qualificados

Ricardo Rio considera que os principais desafios que Braga enfrenta enquanto cidade inovadora incluem «a necessidade de atrair mais investimento externo para sustentar o crescimento das startups e novos negócios, além de garantir a retenção de talento e combater a fuga de jovens qualificados para outras cidades ou países».
O presidente da Câmara indica que «a integração de novas tecnologias de forma inclusiva, assegurando que todos os cidadãos, incluindo os mais vulneráveis, possam beneficiar da inovação» é outro desafio.
«Braga também precisa de adaptar-se às exigências da sustentabilidade, encontrando soluções equilibradas para o crescimento económico e a preservação ambiental. Temos de resolver alguns problemas que persistem, como em sectores como a mobilidade e a habitação», declara.
Além disso, acrescenta, «conciliar o crescimento urbano e a inovação com a preservação do património histórico irá continuar a ser um desafio importante, de forma a manter a identidade cultural da cidade».
Por fim, refere que «a internacionalização das empresas e o fortalecimento das parcerias público-privadas são áreas em que Braga ainda pode melhorar, embora tenhamos hoje muitas empresas de excelência a atuar nos mercados externos».
Impulso para a sustentabilidade
Ricardo Rio revela que Braga «tem vindo a utilizar a inovação como uma ferramenta chave para promover práticas mais ecológicas e sustentáveis, com uma série de iniciativas e projetos focados na economia verde».
«Uma das principais vertentes de atuação tem sido a promoção de soluções que utilizam tecnologias inovadoras, como na implementação de sistemas inteligentes de gestão de resíduos, iluminação pública eficiente e estamos também a apostar em soluções de mobilidade sustentável, como o investimento em autocarros elétricos nos TUB», elenca.
Além disso, acrescenta, Braga tem apostado «em iniciativas de economia circular, incentivando a reutilização de materiais e a redução do desperdício», indicando que «o incentivo à criação de startups e projetos ligados a estas áreas, com a recente criação do vertical de sustentabilidade na Startup Braga, tem sido uma prioridade para o ecossistema de inovação da cidade».
«A Universidade do Minho, em colaboração com centros de investigação, tem desempenhado um papel importante no desenvolvimento de tecnologias verdes, com projetos na área da energia renovável, gestão da água e sustentabilidade ambiental», realça.
O autarca assegura que «a cidade está a trabalhar na promoção de uma cultura de sustentabilidade, envolvendo a comunidade e incentivando comportamentos mais ecológicos», sendo o «Pacto para a Mobilidade Sustentável assinado com diversas empresas da cidade é um bom exemplo disso».
Por outro lado, o edil entende que Braga «tem conseguido equilibrar o crescimento e a inovação com a preservação do seu património histórico e cultural bimilenar através de uma abordagem cuidadosa e estratégica que respeita as suas raízes, mas que também aposta no futuro. «A cidade tem demonstrado uma grande capacidade de integrar a modernidade e a preservação, garantindo que o desenvolvimento urbano não comprometa a sua identidade histórica. Somos aliás reconhecidos por isso por quem nos visita», declara.