As mais-valias de uma aposta na agricultura e na valorização dos produtos da região foram defendidas por Mota Alves, presidente da ATAHCA - Associação de Desenvolvimento Local, ontem, na Universidade do Minho.
O responsável, que falava sobre “Alimentação, sustentabilidade e tradição”, no âmbito do Dia Mundial da Alimentação, deu como exemplo a mação porta-da-loja, um fruto de consumo e produção local, e que poderá ser útil na promoção da utilização da terra que, atualmente, começa a ficar abandonada. «Vale a pena olhar para a atividade agrícola, não perdendo a componente cultural», disse, considerando-a «uma potencialidade económica».
Segundo Mota Alves, para além da valorização dos produtos locais, esta aposta na agricultura da região contribui para o desenvolvimento do território e para a coesão territoriam. Urge, portanto, mostrar aos jovens que «podem viver da agricultura», combatendo-se assim o abandono de muitas áreas rurais. «Menos de dez por cento da população está em aldeias, o que é preocupante, e se nada fizermos, se calhar daqui a uns anos as aldeias qu hoje ainda têm pessoas não terão ninguém», alertou.
A sessão contou ainda com a intervenção de Marta Pinheiro, nutricionista e responsável pelo projeto “Cávado... com sabor”, que deixou alguns conselhos para uma alimentação saudável e sustentável.
Na ocasião, a responsável deixou um alerta: «estamos a consumir além das nossas necessidades, nomeadamente carne, pescado, ovos, laticínios, e a comer poucas leguminosas, frutos e hortícolas. A população está a crescer e se mantivermos o consumo alimentar atual, não teremos alimentos suficientes para todos. É urgente mudar mentalidades e transitarmos para uma alimentação mais sustentável e saudável».
Segundo Marta Pinheiro, é importante «voltar a colocar a dieta mediterrânica no nosso prato», promovendo-se o consumo de produtos sazonais/locais (mais frescos e mais sustentáveis, já que implicam menos embalagens e transporte). Manter uma alimentação diversificada foi outro dos conselhos deixado. «De comermos sempre o mesmo alimento estamos sempre expostos ao mesmo perigo. Devemos variar. A diversificação alimentar traz vantagens de segurança alimentar e ambiental e gera menos pressão nas espécies», explicou.
A nutricionista aconselhou ainda à introdução de proteínas de origem vegetal e à redução do consumo de laticínios (à exceção das crianças). Dar preferência à água da torneira e a produtos comprados a granel, evitando embalagens desnecessárias, foram outras dicas deixadas por Marta Pinheiro.