Decorre entre os dias 20 de setembro e 3 de novembro a edição deste ano os Encontros da Imagem - Festival Internacional de Fotografia e Artes Visuais, com mais de 40 exposições de fotógrafos e artistas visuais de todo o mundo, em Braga, Porto, Guimarães, Barcelos e Avintes.
Omar Victor Diop, D. M. Terblanche, Augusto Brázio, Amilton Neves e Sofia Yala são alguns dos nomes que compõem o programa expositivo da edição de 2024 do mais antigo festival de fotografia de Portugal e um dos mais antigos da Europa.
O fim de semana inaugural acontece de 20 a 22 de setembro, em Braga. Para além das exposições de fotografia, o programa da 34.ª edição agrega ainda projeções, conversas, apresentações de livros, leitura de portefólios e sessões de cinema.
No ano em que se celebra os 50 anos do 25 de Abril, uma parte do programa expositivo do festival propõe uma reflexão sobre a história e interroga o que é o colonialismo atualmente, promovendo o debate em torno do pós-colonialismo e do pensamento decolonial. Analisar como ainda se manifesta de forma transversal na sociedade e quais as suas novas formas com que nos deparamos no mundo contemporâneo, são o mote para esta nova edição.
A direção artística das exposições que refletem sobre a temática “Legados do Colonialismo” está a cargo de Elina Heikka. A historiadora de arte e antiga diretora do Finnish Museum of Photography (Helsínquia, Finlândia) selecionou trabalhos como a série de retratos do fotógrafo senegalês Omar Victor Diop e os arquivos de família da fotógrafa angolana e portuguesa Sofia Yala.
“Para vários fotógrafos, os temas dos seus trabalhos fotográficos surgem da sua própria história familiar e experiência pessoal, enquanto outros abordam a história colonial de uma perspetiva mais ampla, discutindo a história de um país ou nação. A experiência legítima de injustiça histórica é uma força motriz importante para os projetos fotográficos e um nome comum entre os fotógrafos”, sublinha a diretora artística da 34.a edição dos Encontros da Imagem.
Dando continuidade à parceria com o Prémio Galiza de Fotografia Contemporânea, nesta edição será apresentado “Orixe”, de Glorianna Ximendaz, projeto vencedor da última edição do prémio galego. Sob a curadoria de Vítor Nieves, investigador e co-fundador do Prémio Galiza de Fotografia Contemporânea, para além deste trabalho, está também a exposição referente ao prémio Discovery Award 2024, ao prémio Emergentes 2023 e ao Arquivo Encontros da Imagem.
Das mais de 40 exposições programadas, mais de metade passarão por vários pontos do circuito cultural de Braga, como Theatro Circo, Museu Nogueira da Silva, Mosteiro de Tibães, gnration ou Galeria do Paço. As exposições passam ainda por outros espaços da região norte, como Mira Forum, Leica Gallery (Porto), Universidade do Minho, CAAA (Guimarães), Theatro Gil Vicente (Barcelos) e Casa da Cultura (Avintes), entre outros.
À semelhança dos anos anteriores, ao longo deste ano foram lançadas três open calls para três prémios — Discovery Award (dedicado a novos artistas), Photobook Award (melhor livro de fotografia do ano) e Emergentes: Portfolio Reviews Award (melhor portfólio de fotografia) —foram recebidas mais de 800 candidaturas de artistas oriundos de vários países.
Os seis projetos finalistas para o prémio Discovery Award 2024 compõem o programa de exposições desta edição do festival. Os 32 artistas selecionados para o prémio Emergentes 2024 vão participar na leitura de portfólios, que acontece em Braga, durante o fim de semana inaugural. Já os mais de 200 photobooks submetidos na open call do Photobook Award 2024 integram uma exposição coletiva. Os vencedores de cada prémio são anunciados no final de setembro, após a avaliação das equipas de júris.
Para além das exposições, o programa do festival é composto por um ciclo de cinema que decorrerá de setembro a outubro, entre a Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva e o Theatro Circo.
“Cinema Todo-Mundo: colonialismo e a memória do futuro” é a proposta do Lucky Star - Cineclube de Braga que apresenta filmes como “Acto dos Feitos da Guiné” (1979), do realizador Fernando Matos Silva, ou “Águas do Pastaza” (2022) de Inês T. Alves. No pequeno auditório do Theatro Circo, são exibidas obras como a mais recente longa-metragem de Miguel Gomes, “Grand Tour” (2024), “UBU” (2023), de Paulo Abreu, entre outras.
O programa de conversas deste ano, EI Talks, centra-se na memória do passado colonial português e tem curadoria da fotógrafa e investigadora Ana Catarina Pinho. As conversas revisitam a história à luz do presente, promovendo uma reflexão crítica e abrindo novas possibilidades de entendimento sobre as complexas heranças coloniais.
Há ainda a apresentação da última edição do projeto editorial Kioskzine, cuja edição reflete sobre o projeto “Lugares do corpo” de Lucília Monteiro, que parte do Arquivo de José de Sousa Monteiro, integrado no Museu da Fotografia da Madeira- Ateliê Vicente’s. A apresentação acontece a 20 de setembro, na Livraria Centésima Página, em Braga.
A partir de 1987, ano da sua fundação, os Encontros da Imagem têm-se destacado como uma plataforma essencial para a divulgação e criação fotográfica, promovendo o desenvolvimento da literacia visual, e refletindo sobre o mundo e a sociedade que nos rodeia.
“Desde as primeiras edições, têm-se focado na apresentação de autores clássicos e modernos, consolidados e emergentes, indo do local para o global. Este esforço é essencial para a compreensão não só da história da fotografia, mas também da contemporaneidade”, explica Manuel Santos, presidente da Direção da Associação Cultural Encontros da Imagem.
O festival é promovido pela Associação Cultural Encontros da Imagem e conta com o apoio da DGArtes, Município de Braga e de diversas entidades culturais.
As atividades inseridas na programação da 34.a edição dos Encontros da Imagem são de entrada livre, à exceção das sessões de cinema.