Cerca de três dezenas de pessoas, entre crianças, jovens alunos da Universidade do Minho (UMinho) e adultos, de diferentes faixas etárias, participaram no Santuário do Bom Jesus num observação noturna de borboletas. A sessão, realizada no dia 23 de abril, na área da mata, inseriu-se num projeto conjunto da Confraria do Bom Jesus do Monte, da Universidade do Minho/ IBS/ CBMA e da Fundação Bracara Augusta que visa o estudo, a caracterização e o levantamento da fauna e da flora presente em toda a área do Santuário.
Na procura e identificação das espécies animais, foi montada uma armadilha luminosa usada para atrair borboletas noturnas para a sua posterior identificação.
No pouco tempo em que o dispositivo esteve ativo, foi possível a identificação de duas espécies de borboletas nocturnas com colorido pouco habitual neste grupo de insetos: Hecatera dysodea e Orthosia cerasi.
Varico Pereira, vice-presidente da Confraria do Bom Jesus, explicou que estas sessões de observação para inventariação e monotorização do património natural são «necessárias para responder às recomendações da UNESCO, neste domínio da natureza».
Por outro lado, referiu, este projeto da fauna e flora do Bom Jesus, «vem reforçar os laços de colaboração entre instituições e entre a comunidade local, possibilitando conhecer uma dimensão mais desconhecida desta estância, a vida dos animais e plantas noturnas, da mata do Bom Jesus».
Neste sentido, uma equipa de estudantes finalistas do curso de Biologia Aplicada da UMinho, coordenada por Pedro Gomes, docente no Departamento de Biologia e investigador do CBMA, está atualmente a realizar o estudo e a sugerir medidas de intervenção que visam salvaguardar, valorizar e potenciar todo este valor patrimonial, ambiental e paisagístico.
O trabalho desenvolvido pelos estudantes envolve observações diretas (aves, insetos, mamíferos, etc.), uso de equipamento de amostragem (redes, armadilhas e câmaras automáticas) bem como o registo fotográfico de tudo o que vai surgindo com o decorrer das estações do ano.
O objetivo é obter um retrato da comunidade biológica suportada pela mata do Bom Jesus bem como identificar zonas onde possam ser promovidas medidas de gestão que levem ao suporte de uma maior diversidade biológica.
O trabalho realizado até ao momento já permitiu detetar alguns carnívoros como a raposa e a geneta, bem como a localização de zonas preferenciais para a observação de certos tipos de aves florestais (trepadeiras-azuis, pica-paus, chapins…).