A Escola Secundária Carlos Amarante (ESCA) tem patente desde ontem, e até sexta-feira, a exposição “Mulheres de Abril Somos!” que, até junho, percorrerá dez estabelecimentos de ensino do concelho. Consciencializar a comunidade estudantil para a importância da democracia dando a conhecer a ausência de direitos das mulheres até à Revolução dos Cravos, e apelar ao exercício do direito de voto logo que atinjam a maioridade, são os propósitos desta iniciativa do Movimento Democrático de Mulheres (MDM), no âmbito das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril de 1974. Que em 1974 apenas 25% dos trabalhadores eram mulheres (e, destas, apenas 19% trabalhavam fora de casa); que a idade mínima do casamento era aos 16 anos para o homem e de 14 anos para a mulher; que as mulheres ganhavam menos 40% do que os homens; e que as enfermeiras e hospedeiras do ar não podiam casar são apenas algumas das curiosidades patentes nesta infografia que já esteve exposta no ano passado no Mercado Municipal de Braga. A inauguração de ontem contou com a presença de professores de várias escolas e elementos da autarquia, entre os quais a vereadora da Educação da Câmara Municipal de Braga, que salientou a importância desta exposição junto da comunidade educativa no sentido de promover o cinquentenário das comemorações do 25 de Abril.
Para Carla Sepúlveda, «se alguém tem algo a tirar daqui são os nossos alunos porque é a partir da escola que fazemos as pessoas do presente e do futuro». «Esta exposição tem esta missão de dar-lhes conhecimento e a curiosidade de conhecer este movimento», disse, vincando que esta é uma temática «transversal a muitas disciplinas», a qual será abordada em vários momentos. Para além disso, acrescentou a vereadora, «é sensibilizarmos os alunos para este direito que também é um dever, que é votar e escolher consoante os nossos valores». Paulo Sousa, coordenador da Comissão Promotora de Homenagem aos Democratas de Braga, realçou o carácter surpresa desta exposição, que contém informação desconhecida por muitos, sobretudo pelas gerações mais recentes.
«Muitos ficam boquiabertos com a ausência total de direitos das mulheres antes do 25 de Abril. Por isso é muito importante a relação intergeracional e a passagem de testemunho de memórias para que os mais jovens valorizem a democracia. «Queremos também que percebam a importância da comemoração dos 50 anos e que não sejam inócuos com o que se vive hoje no país e na Europa, com extremismos. Não há nada como o exercício da cidadania ativa e o combate à abstenção», disse. Já a diretora da ESCA, Hortense Santos, deu nota que o tema já vem sendo trabalhado nas escolas do Agrupamento, sobretudo junto dos alunos do Secundário, que estão mais perto de chegar à maioridade. Da parte da Rede de Bibliotecas, a responsável mostrou-se feliz com o momento escolhido para receber a exposição, já que servirá de mote para dar início ao trabalho das comemorações, podendo ser aproveitada pelos professores de História e Cidadania do 9.º e 12.º ano e, possivelmente, para a iniciativa do Parlamento dos Jovens. Depois de visitarem a exposição, os alunos serão desafiados a criar ilustrações relativas à infografia patente