O comércio tradicional em Braga deverá registar este mês um resultado acima do que estava projetado em termos de vendas. Essa é a convicção do presidente da Associação Empresarial de Braga (AEB), Daniel Vilaça, com base no movimento e volume de compras verificados na época natalícia, que ainda não chegou ao fim e quando faltam ainda alguns dias para a festa de novo ano. «Ainda não temos os números das transações ou levantamentos com cartão fornecidos pela SIBS [empresa que opera no domínio dos serviços financeiros, designadamente na área dos pagamentos], mas penso que vamos chegar ou até superar o valor que tínhamos apontado, 270 milhões de euros», disse ontem ao Diário do Minho Daniel Vilaça. O dirigente apontou as boas condições meteorológicas como um dos principais fatores que ajudaram às vendas neste Natal em Braga. «O tempo esteve bom, havia muita gente nas ruas, e isso ajudou. Se o ano passado com menos pessoas na cidade, por causa do mau tempo, nós chegamos a 259 milhões de euros, este ano vamos ultrapassar esse valor», notou. Daniel Vilaça tem recebido de comerciantes com lojas abertas no centro da cidade reações muito positivas e que confirmam que o comércio de rua de Braga recebeu «muita gente», principalmente nas duas semanas antes do Natal. O facto do dia 25 ter calhado à segunda-feira, depois do fim de semana, proporcionou também mais tempo para fazer as compras de última hora. «Acho que todos estão contentes com os resultados desta quadra natalícia», acrescentou. Segundo o diretor-geral da AEB, as vendas vieram sempre a crescer desde o início de dezembro e «a melhoria do tempo foi um fator decisivo, deu um impulso muito grande» ao comércio. «Nos primeiros dez dias de dezembro as coisas estavam muito mornas, daí em diante, com a melhoria do tempo, conseguimos um resultado muito interessante. Embora ainda não tenhamos dados definitivos, a nossa expetativa é que as vendas globais do comércio em Braga em dezembro 2023 subam face às de 2022», disse Rui Marques.
Comércio cresce 10% até novembro
Até novembro desde ano, o comércio de Braga registou uma trajetória de crescimento de cerca de 10 por cento face ao período homólogo de 2022. Um registo «interessante», notou o dirigente, atendendo ao contexto sócio--económico que se vive em Portugal. Em dezembro, as projeções da AEB apontam para um crescimento do comércio em Braga entre os 5 e os 7 por cento, ligeiramente abaixo do desempenho registado ao longo do ano. «Isso tem que ver com o facto de neste último semestre estarmos a notar um certo abrandamento da procura por efeito do aumento das taxas de juro e alguma diminuição da confiança das pessoas», explicou Rui Marques. Mesmo assim, o diretor-geral da AEB acredita que o comércio tradicional vai gerar em dezembro um volume de negócios superior a 270 milhões de euros, o valor que a Associação projetou para este mês. «Estamos a aguardar os resultados com otimismo, até também pela procura que se está a registar na hotelaria para a passagem de ano, com muitas estadias alongadas, ou seja, há pessoas que vão ficar em Braga de sábado a segunda ou de sábado a terça-feira. Isso vai provocar aqui algum aquecimento noutras atividades, seja no comércio, seja na restauração, seja nos serviços», disse Rui Marques. AEB espera época de saldos animadora Em relação à época de reduções, promoções ou saldos, que começou ontem e se prolonga até 29 de fevereiro de 2024, as perspetivas da AEB são «animadoras, otimistas».
Depois de um mês de grande consumo, os comerciantes esperam na época de saldos não só manter o volume de vendas como também escoar artigos e produtos que ficam em stock. Já os consumidores têm oportunidade de adquirir produtos de qualidade a preços muito inferiores aos praticados durante o resto do ano, ainda que grande parte seja restos de coleções. Há quem aproveite este período de saldos também para ir à loja fazer a troca de algum presente que recebeu no Natal. O ideal, disse Rui Marques, era que o comércio «pudesse viver sem saldos e reduções de preços» durante todo o ano. Quanto ao desempenho do setor durante o próximo ano, o diretor--geral da AEB acredita que será positivo, tal como em 2023. «O desempenho este ano foi bastante positivo face à conjuntura que o país e a região viveram e em 2024 a nossa expetativa é que continuemos a crescer a um ritmo semelhante, pelo menos, ao que se registou em 2023», disse. Contudo, Rui Marques lembrou que muitos portugueses «vivem algum sufoco» financeiro provocado quer pelos impostos que pagam, quer pelo aumento das taxas de juro à habitação, e isso está a «retirar muito rendimento» às famílias, podendo refletir-se na economia. No entender de Rui Marques, a instabilidade governativa em Portugal também não está a ajudar, porque «retira alguma confiança» no futuro. «Esperamos que em março, nas próximas eleições legislativas, se consiga encontrar um resultado que dê estabilidade necessária ao país e se volte a injetar confiança nas pessoas», acrescentou.