A Associação Quatro Corações está a promover nas suas instalações na rua de S. Geraldo, entre as 12h00 e as 13h00, uma venda solidária para, desta forma, angariar verbas que ajudem na confeção das 35 refeições quentes que serve diariamente a quem mais necessita. Segundo explica José Manuel Fernandes, por vezes é preciso recorrer a esta solução para conseguir as verbas que permitam a confeção das refeições porque, depois de bater à porta dos mais variados organismos à procura de apoios, as respostas não são as desejadas. «Temos sobrevivido à nossa custa. Temos colocado os nossos próprios bens. Nós servimos cerca de 35 refeições quentes todos os dias. As refeições são cozinhadas e entregues acabadas de confecionar às pessoas que precisam», disse.
Esta cozinha solidária de Braga da Associação Quatro Corações já está a funcionar há dois anos e foi inaugurada no Dia de S. Geraldo. «Foi o protocolo que assinámos com a Associação S. Paulo» que permite que diariamente, exceto ao domingo, cerca de 35 pessoas tenham, pelo menos, uma refeição quente. Segundo José Manuel Fernandes, a população que se socorre desta cozinha solidária não é sempre a mesma, sendo flutuante. Uma parte são pessoas em situação de sem-abrigo, outra é mesmo por não ter dinheiro para comer. «A maioria é mesmo pessoas necessitadas por falta de meios económicos. E agora cada vez há mais pessoas nesta situação», garante. Entre as pessoas que recorrem a esta solução social estão emigrantes que passam grandes dificuldades. «Neste momento, nós temos lá um grupo que são seis pessoas de São Tomé e Príncipe. Eles vieram estudar eletricidade e outras coisas para aqui em Portugal ao abrigo de um protocolo que foi assinado com o Governo português. Mas, o Governo português não ajuda nada a quem lhes dá de comer», salientou.
Segundo referiu, este jovens não têm onde comer e viram na cozinha solidária da Associação Quatro Corações a solução para as suas refeições diárias. «Eles são estudantes, vêm-nos bater à porta e buscar a sua refeição para alimentarem-se dignamente», acrescenta. Com o momento difícil que as famílias portuguesas atravessam em termos financeiros, com as taxas de juro altas, a inflação a atingir valores elevados e o preço do cabaz alimentar a subir, José Manuel Fernandes garante que os pedidos de ajuda têm aumentado. A associação, garante, não vira costas aos pedidos e tem ajudado sempre que possível, mesmo que isso implique adiantar dinheiro do próprio bolso para comprar bens. «Nós compramos as coisas à nossa custa, o que não tem nada de mal, porque a associação é grande e tem regras. Nós vamos comprando do nosso bolso todos os dias e vamos juntando as faturas e a associação paga-nos conforme vai havendo», salienta.