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D. José pede Natal com olhar atento aos que vivem sós

D. José pede Natal com olhar atento aos que vivem sós
Fotografia Avelino Lima

Jorge Oliveira

Jornalista

Publicado em 24 de dezembro de 2023, às 14:13

D. José Cordeiro esteve presente no programa especial da DMTV no Presépio de Priscos.

O Arcebispo Metropolita de Braga voltou ontem ao Presépio ao Vivo de Priscos, nos arredores de Braga, depois de ter participado na sua inauguração, no dia 10 de dezembro.

Nesta visita nas véspera do dia de Natal, D. José Cordeiro convidou os cristãos a contemplarem o presépio e a deixarem- -se abraçar pelo amor de Jesus – o centro do presépio de Nazaré, dando uma atenção preferencial aos que mais precisam, aos doentes, os mais sós, aqueles que vivem mais tristes.

«No mundo de hoje ainda é mais premente essa construção do presépio. Quando construímos o presépio estamos como que acreditar novamente que é possível amar, que é possível a fraternidade, que é possível o encontro, que é possível amar com o coração humano», disse o prelado.

D. José Cordeiro, que esteve acompanhado pelo pároco de S. Tiago de Priscos, o padre João Torres, mentor daquele que é considerado o maior presépio ao vivo da Europa, aludiu para a necessidade de, nestes tempos conturbados e de incertezas, sermos cada vez mais próximos uns dos outros e não sermos indiferentes ao que se passa à nossa volta.

«Na noite escura do mundo, as guerras, e depois da pandemia, parece que vivemos de crise em crise. A construção do presépio em casa, mas sobretudo no coração de cada um de nós, é mais do que um sinal religioso, é a vontade de humanizar a humanidade e de juntos e todos sermos capazes de criar e recriar um mundo novo», sustentou.

O Arcebispo de Braga lembrou que há «muito sofrimento, há muitas feridas abertas», mas referiu que é possível acreditar num mundo melhor e viver alegre na esperança. «Na cidade de Braga, quando anoitece nós podemos olhar para o monte do Picoto e ver uma cruz e uma estrela iluminadas. Estes dois sinais podem ajudar a dizer que é possível acreditar. Mesmo no meio do sofrimento, da morte, da dor, da guerra da complexidade do mundo em que vivemos é possível acreditar e não podemos desistir», disse.

Assim, D. José Cordeiro desafiou cada um a dar o seu contributo «de esperança de luz», na sua vida particular, na vida da família, na vida da comunidade, na sociedade.

«O Natal deve ser o tempo para cada um se concentrar no essencial e renovar no seu coração a alegria na esperança, a construção da paz, da fraternidade. É importante a festa, é importante o convívio à mesa, a relação, e também os presentes, mas o maior presente é o amor que cada um pode dar, o desejo sincero da paz, da fraternidade, na alegria da esperança», acrescentou.

A XVII edição do Presépio ao Vivo de Priscos conta com cerca de 600 figurantes distribuídos por 60 cenários, num espaço de 30 mil m2, junto à igreja paroquial. O tráfico de seres humanos é o principal tema deste ano. O presépio toca também no drama da guerra, através do um acampamento militar.

O padre João Torres adiantou que esta edição está a correr bem, com a presença de muita gente, ainda que seja muito cedo para fazer uma avaliação aprofundada. Ontem foi o segundo dia depois da inauguração.

«As pessoas estão a aderir bem, temos bastantes paróquias a organizarem- -se para vir, temos também recebido grupos. Hoje (ontem) veio um grupo do Afeganistão que está na Escola Calouste Gulbenkian a estudar música e tem sido uma experiência interessante. Temos cada vez mais pessoas da cidade e de diversos pontos do país a aderir e também de Espanha, tem sido uma “invasão” desde que abrimos», disse o sacerdote.

O mentor do presépio lembrou que este projeto é feito com reclusos do Estabelecimento Prisional de Braga e durante todo o ano acontece Natal em Priscos.

O presidente da Junta de Freguesia, que também esteve presente, destacou a aposta que o Presépio de Priscos vendo fazendo anualmente em novas infraestruturas coma colaboração de reclusos, ao abrigo do projeto de inclusão social “Mais Natal Priscos” que já apoiou cerca de 50 desde o seu início, há 8 anos.

«É orgulho enorme ver o presépio de Priscos crescer sustentavelmente e chegando a esta época do ano ter aqui tantos milhares de visitantes, que provocam uma alegria imensa», disse Israel Pinto, garantindo que a freguesia continuará a investir para acolher bem os visitantes.