O reitor da Universidade do Minho mostrou-se ontem preocupado com a «intenção de um desinvestimento do país nas nossas unidades de investigação» e com os «sinais preocupantes de dificuldade» na abertura de concursos «em todas as áreas científicas» para os projetos de investigação. «Estamos numa encruzilhada no país. Há sinais preocupantes e, conforme as respostas dadas, podemos estar perante a consolidação do sistema ou conhecer regressões», alertou Rui Vieira de Castro, acrescentando ainda, no âmbito dos recursos humanos, que «o nosso sistema científico vai confrontar-se com um quadro de extrema dificuldade com o fim de um elevado número de contratos a termo certo de investigadores». «Estamos a chegar a um ponto limite no qual vai ser necessário tomar decisões», vincou. Esta apreensão foi demonstrada pelo reitor da UMinho na cerimónia de entrega do Prémio Victor de Sá de História Contemporânea aos investigadores Bernardo Cruz e João Moreira, ambos da Universidade Nova de Lisboa.
Para Rui Vieira de Castro, esta distinção «tornou-se no Prémio nacional de maior prestígio entre investigadores de História Contemporânea», tendo já distinguido obras de «autores que se tornaram referências da historiografia nacional», o que se exprime «na qualidade das nossas unidades de investigação e no que representa a investigação científica no contexto global», muito por força da «profissionalização dos investigadores». Sobre o professor Victor de Sá (1921-2004), o reitor falou numa «personalidade de grande relevo na vida cultural, social e política da região e lembrou o cargo ocupado enquanto professor na UMinho. Rui Vieira de Castro aproveitou para destacar o facto de este Prémio destacar jovens investigadores e premiar a investigação sobre Portugal Contemporâneo. Sobre os trabalhos premiados, deu nota da «clareza e rigor» da exposição feita. «A UMinho e o júri esperam que este Prémio possa estimular a prossecução de carreiras de investigação profícuas, apesar das dificuldades que anteriormente enunciai», afirmou.
A esta 32.ª edição candidataram-se oito trabalhos (seis de doutoramento e dois de mestrado). A presidente do júri realçou «a excelência» dos mesmos. «Este universo de trabalhos é testemunho da qualidade do conhecimento. Estes oito trabalhos espelham uma forte solidez e uma forte inovação pelas problemáticas de estudo e pela renovação dos enfoques interdisciplinares que são precedidos», disse Fátima Moura Ferreira. Já o presidente do Conselho Cultural recordou de Victor de Sá «uma vida multifacetada de presenças e de empenhos esforçados». Segundo Miguel Bandeira, este Prémio vem «reafirmar a memória viva do seu legado ativo neste ciclo de celebração do 50.º aniversário do 25 de Abril», já que «foi um lutador pela liberdade e democracia em Portugal». Desde a primeira edição, ao Prémio Victor de Sá de História Contemporânea já concorreram mais de 320 trabalhos de investigação inéditos e de grande densidade.