O estado degradado da estrada que liga Braga ao Bom Jesus é um problema que se tem vindo a arrastar há muito e que parece não ter planos para melhoria à vista. “Os visitantes acabam por encontrar aqui um grande contraste na estrada que dá acesso a este património mundial”, afirma o Cónego Mário Martins.
A Estrada do Bom Jesus de Braga, um caminho que leva à beleza natural, à devoção religiosa e à história arquitetónica, deveria proporcionar uma experiência enriquecedora para todos os que decidem percorrê-la mas, infelizmente, isso não é possível.
“A estrada de acesso ao Bom Jesus não condiz com aquilo que é um Património Mundial”, defende Varico Pereira, gestor do Bem para a Unesco.
Uma estrada que se insere num espaço de 27 hectares e que é Património Mundial da Unesco, está cada vez mais danificada, tornando-se não só feia do ponto de vista estético como perigosa para os civis que utilizam a via para circular a pé, de bicicleta ou de qualquer outro meio de transporte.
“Uma pessoa anda a fazer aqui literalmente gincana…Às vezes vão carros nos dois sentidos. E para afastar fica um bocadinho difícil porque se nota que os carros vão mesmo no meio da estrada para conseguir fugir aos danos da estrada. Principalmente no Inverno e que ao fim do dia, nevoeiro cerrado a chover, a visibilidade é muito, muito inferior e realmente torna se muito mais difícil em termos de condução”, confessa Sara, trabalhadora que percorre a estrada todos os dias.
O presidente da Junta de Nogueiró e Tenões, João Tinoco afirma que este é um problema do conhecimento das Infraestruturas de Portugal (IP) e que por muito que as pessoas se queixem, parece “não haver planos à vista”.
“Não se entende porque é que este troço que faz parte da cidade se vangloria de ter um património mundial da UNESCO que depois, por uma questão de de dinheiros se recuse fazer aquilo que eu acho que era uma obrigação da Câmara fazer”, explica João Tinoco.
Contactada pelo Diário do Minho a IP não respondeu atempadamente até à data de publicação desta notícia.
Uma paisagem cultural visitada , anualmente, por cerca de um milhão de pessoas desde turistas, peregrinos e residentes, que têm feito várias queixas quanto ao estado lastimável em que se encontra o acesso ao local.
“Há duas questões a ter em conta. Uma delas é o que é óbvio, que é o elevado estado de degradação desta estrada já há alguns anos e uma degradação de uma degradação que se vem acentuando e que já tem causado alguns constrangimentos até em quem nos visita. Depois há um segundo, um segundo aspecto que também é óbvio que é o facto de as pessoas virem visitar um espaço que é Património Mundial da Humanidade com todo o cuidado que aqui procuramos ter dia a dia”, indica o Cónego Mário Martins, Presidente da Confraria do Bom Jesus.
Apesar de há cerca de um ano terem sido realizadas intervenções nesta estrada, sendo elas a sinalética e reparação das valetas, não foi feito qualquer tipo de conserto na via. O alcatrão colocado em cima do paralelo para “disfarçar” o estrago está a desaparecer devido ao desgaste e as Infraestruturas de Portugal, entidade responsável pela manutenção deste trajeto parece não dar importância. “Já conversamos com a autarquia sobre esse assunto e penso que também têm feito alguma pressão para que as infraestruturas de Portugal possam fazer a reparação, mas sabemos que não podem fazer muito mais, não é?”, referiu Varico Pereira.
A moldura natural que embeleza o trajeto da via que serpenteia pelas encostas verdejantes está a declinar colocando a imagem de Braga e de Portugal em causa. “Os visitantes acabam por encontrar aqui um grande contraste na estrada que dá acesso a este património mundial”, indica o Cónego Mário Martins, Presidente da Confraria do Bom Jesus.