twitter

Alunos da UMinho reclamam condições nas residências universitárias

Alunos da UMinho reclamam condições nas residências universitárias
Fotografia Avelino Lima

Rita Cunha

Jornalista

Publicado em 23 de novembro de 2023, às 09:26

Protesto juntou, ontem de tarde, cerca de meia centena de estudantes no Largo do Paço.

“Um fogão para 500 alunos”, “A bolsa não chega para a renda”, “Casas de banho sem condições”, “Chove no meu quarto”, “Queremos casas para dormir” e “Ação social não existe em Portugal” foram algumas das queixas apresentadas por um grupo de estudantes da Universidade do Minho que se manifestou, ontem de tarde, em frente à Reitoria, no Largo do Paço.

O protesto contra a falta de condições no Ensino Superior foi acompanhado por um abaixo-assinado, com a assinatura de cerca de 1400 alunos, o qual foi entregue ao reitor, que os recebeu no fim, ouvindo as suas preocupações e esclarecendo sobre vários pontos.

Segundo o abaixo-assinado, em causa está a «preocupação e urgência em solucionar os problemas enfrentados tanto pelos estudantes-residentes como pelos SASUM [Serviços de Ação Social da UM], através do reforço urgente do financiamento do Ensino Superior».

A «falta de equipamentos e manutenção dos existentes», a escassez de espaços de cozinha «na maioria dos blocos e pisos» - a de Santa Tecla tem uma cozinha para 507 residentes e a de Azurém, com 420 estudantes, nem cozinha tem -, a ausência de espaços de impressão e reprografia operacionais, «infiltrações de humidade acentuada» em três blocos de Azurém, falta de funcionários e operacionais e a inexistência de apoio especializado a estudantes residentes com necessidadesespeciais são algumas das queixas enumeradas no que respeita as residências universitárias públicas de Braga e Guimarães.

Para além disso, os estudantes estão preocupados com a «falta efetiva» de residências deste tipo na UMinho, sendo que, «num universo de cerca de 12 mil estudantes deslocados, apenas 1399 camas são disponibilizadas». Reclamam do atraso na construção das novas residências previstas, como a da Confiança (com capacidade para 700 camas) e a da Antiga Escola de Santa Luzia.

A tudo isto, os alunos juntam «carências da ação social escolar», destacando-se, aqui, «um atraso na atribuição de bolsas e insuficiência do seu número e valor», a inexistência de um passe intermodal «adequado às necessidades dos estudantes» e o aumento do preço da senha da cantina, que passou de 2,50 para 2,80 euros.

Gonçalo Silva, estudante de Relações Internacionais, com 22 anos de idade, foi um dos responsáveis pela concentração. Aos jornalistas, mostrou-se apreensivo com «vários anos de subfinanciamento das universidades», o que leva a uma «falta de condições das residências e da própria universidade». «Vemos o número de alunos a aumentar, mas o financiamento por cabeça mantém-se sucessivamente», lamentou. «Muitos alunos não conseguem ingressar na universidade ou, depois de conseguirem, não se conseguem manter devido a questões económicas relacionadas com o alojamento», disse, salientando que «as condições» das mesmas «também não estão num estado favorável».

Deco Embaló, com 30 anos, veio da Guiné Bissau para estudar Direito em Braga. Não tendo família em Portugal, a residência universitária é a sua única opção, mas lamenta pagar para não ter condições. «As condições são lamentáveis já há muitos anos (...). Acordamos de manhã cansados porque os colchões não têm qualidade e não conseguimos estudar», disse.

Reitor recebe alunos e ouve preocupações

No fim do protesto, o Reitor da UMinho recebeu os representantes do grupo de estudantes e tomou conhecimento do conjunto de problemas que lhe foi colocado.

Na ocasião, Rui Vieira de Castro partilhou o seu diagnóstico sobre as questões suscitadas, «referindo o esforço que vem sendo realizado com vista à melhoria das condições de vida e de trabalho dos estudantes». Deu conta do ponto em que se encontra a construção das novas residências universitárias, em Braga e Guimarães, tendo confirmado que «os concursos para os projetos dos edifícios na Fábrica Confiança, em Braga, e na escola Santa Luzia, em Guimarães, estão em andamento, esperando-se que as novas residências fiquem operacionais em 2024/2025».

Para além disso, manifestou a sua disponibilidade para «continuar, como vem acontecendo, a ouvir os estudantes, recordando as interações continuadas com a Associação Académica da Universidade do Minho e as Comissões de Residentes das Residências Universitárias».