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“Tempestade” de Shakespeare é «momento único» para Braga

“Tempestade” de Shakespeare é «momento único» para Braga
Fotografia Avelino Lima

Rita Cunha

Jornalista

Publicado em 21 de setembro de 2023, às 11:18

Estreia no Theatro Circo acontece no dia 29 de setembro, às 21h30

A Companhia de Teatro de Braga (CTB) estreia no Theatro Circo, no dia 29 de setembro, a peça “Tempestade”, de Shakespeare, com repetições nos dias 30 de setembro e 1 de outubro. Trata-se de uma grande produção de teatro operático (Teatro do Bairro / Lisboa| CTB / Braga| Teatro Nacional de Opereta de Kiev / Ucrânia| Theatro Circo) que, segundo o diretor da CTB, constitui um «momento único» para Braga.

«É um espetáculo daqueles que já não se fazem em Portugal e que está a um nível que não é a prática comum no país», disse Rui Madeira. Na apresentação, que teve lugar ontem, o encenador explicou que esta peça «pega no texto na íntegra».

«Não fizemos uma versão “a partir de”, não fizemos desconstrução e não cortamo texto», referiu, salientando que foi feito um esforço no sentido de tornar a encenação percetível por todos. «Tentamos que fosse muito simples e que qualquer pessoa perceba o que está em cena e o que se está a passar. Compreendem tudo. Passa-se imensa coisa naquele palco e há cenas cómicas», acrescentou. Para António Pires, trata-se mesmo de uma «oportunidade quase única nos tempos que correm ver uma obra assim clássica com os atores a integrarem-se e a falarem diretamente com o público, a divertirem-no com tanta qualidade».

Uma das particularidades desta “Tempestade” é que conta com a obra do compositor Jean Sibelius, produzida para o texto de Shakespeare, num projeto de encontros. Em palco estarão atores, cantores, coro e orquestra – Kyiv National Operetta’s Theatre (Ucrânia), Orquestra do Norte e Coro Participativo do local, composto por 33 pessoas dos 15 aos 70 anos de idade de Braga e cidades vizinhas que integram vários coros mas cuja maioria (cerca de 80%) nunca participou neste tipo de trabalhos. «Estão habituados a cantar vários géneros, mas parados e de partitura na mão. Estão a arriscar e penso que, no final, vão todos ficar muito inspirados por este ambiente», explicou a maestrina do coro, Janete Ruiz.

O primeiro ensaio de cena com coro aconteceu esta terça-feira à noite. «Estamos muito ansiosos por juntar todos e vermos tudo a acontecer em palco», sustentou. André Laires, um dos atores que entra em “Tempestade”, salientou as mais--valias das co-produções, já que permite o «confronto de práticas e formas de trabalho» diferentes. «Este foi um trabalho que acabou por ser muito satisfatório porque temos ali gerações de atores com práticas e tradições e criou-se um espírito muito positivo», considerou.

Da parte do Theatro Circo, Cláudia Leite também realçou o trabalho em co-produção como importante para o crescimento e «desenvolvimento de outras perspetivas de futuro» e de trabalho com as comunidades. «É um espetáculo de elevada qualidade, com um trabalho gigantesco por trás que junta elementos de diferentes áreas», rematou.