O Hospital de Braga assinalou ontem o Dia do Euromelanoma com a realização de rastreios gratuitos e centrando a mensagem que o melhor combate ao cancro da pele é a prevenção primária conveniente.
Segundo a diretora do Serviço de Dermatologia do Hospital de Braga, esta prevenção tem que ser feita por todos, e não apenas por aqueles que, por exemplo, vão à praia. Na verdade, todos aqueles que trabalham ao ar livre, como trabalhadores da construção civil ou os agricultores, para além do protetor solar, devem adotar uma proteção conveniente. «E uma proteção conveniente é uma roupa mais grossa. Independentemente de ter o protetor solar, utilizar uma roupa mais espessa. Ter sempre o nível dos ombros protegidos porque a zona dos ombras é a que mais queima. Onde é que as pessoas queimam muito? É na zona do pescoço e na parte de trás. Isto acontece muito a quem trabalha no campo, aos trabalhadores da construção civil, àque- les que trabalham nas estradas. Há imensos escaldões nestas pessoas que, no verão, estão a colocar o alcatrão. Sofrem duplamento com o calor que emana do alcatrão e o calor solar. Há muito cancro nestas pessoas, muitas vezes pessoas jovens», disse Celeste Brito.
A diretora do Serviço de Dermatologia do Hospital de Braga sublinha que é em contexto de trabalho que surge o maior número de cancro de pele. Os golpes de calor, explicou, são dos principais causadores do melanoma. As queimaduras sofridas na infância e a genética são fatores de risco. «Agora, quando é profissional, as pessoas esquecem-se muito. Atualmente, ainda bem que já é proibido aos trabalhadores da construção civil trabalharem sem camisola. Vestidos é uma proteção maior que têm em relação a calor contínuo, que dão um outro tipo de cancro, que são os cancerínomas, nomeadamente os espinocelulares que têm uma metastização muito grande», explicou.
A médica realçou ainda para a necessidade das pessoas, numa atitude preventiva, estarem sempre atentas à sua pele e darem atenção àquela pequena lesão que muitas vezes não é valorizada. «Infelizmente, o cancro da pele não dói, porque, se doesse, nós íamos mais depressa ao médico. Como não dói, não nos apercebemos dele. Quem é que repara que tem um sinal na face posterior do braço? A pessoa vê a parte da frente, mas não a parte de trás. Normalmente, é aí que se desenvolvem mais os melanomas. São as ditas áreas cegas. Quem é que olha para a planta dos pés? Ninguém», salientou.
Para a diretora do Serviço de Dermatologia do Hospital de Braga, as pessoas têm que estar mais atentas à sua pele.
Aliás, Celeste Brito sublinha que os médicos de família deveriam de olhar, pelo menos uma vez por ano, para a pele, »de cima a baixo» dos seus utentes, numa atitude preventiva.