A greve distrital dos professores pela recuperação do tempo congelado prosseguiu, hoje, em Braga, tendo ficado marcada por uma primeira concentração, às 12h15 horas, na Escola Secundária D. Maria II, seguida por uma das grande manifestação de professores, às 15h00, na Praça da República, que prosseguiu em desfile até à Praça do Município. Longe de ser um motivo para abrandar, o novo regime de concursos, promulgado esta segunda-feira pelo Presidente da República, foi considerado pelos docentes como «mais um motivo para a luta».
À semelhança do que sucedeu no resto do país, nesta greve por distritos, convocada por uma plataforma sindical que reúne nove organizações sindicais, em Braga voltou a estar no centro do protesto dos professores a recuperação dos seis anos, seis meses e 23 dias ainda congelados, mas também o fim das vagas de acesso aos 5.º e 7.º escalões da carreira. Outra das reivindicações é o novo regime de recrutamento de concursos de professores, agora promulgado.
Em declarações ao Diário do Minho o coordenador distrital do Sindicato de Professores da Zona Norte (SPZN), Alexandre Dias, vincou que «a expetativa sempre foi a de conseguir alcançar em Braga uma das maiores manifestações de que há memória».
«Em causa estão duas questões fundamentais: justiça e respeito. Esses dois valores são intocáveis», afirmou Alexandre Dias, argumentando que «nenhum dos professores nos seus 50 anos conseguirá chegar a metade da carreira, estando em causa em todo este processo a estabilidade profisisonal».
Justificando que «não existe hoje qualquer atratividade na carreira docente», quando, a título de exemplo, «há professores com 25 anos de serviço que ainda são contratados», o responsável afirmou que «é impossível ter precários durante uma carreira inteira».
Exigindo transparência nas listas de candidatos às vagas, o coordenador distrital sustentou que deveria haver uma lista graduada, devendo os professores ser recrutados e colocados por graduação profissional, devendo os concursos no total de vagas existente.
«O problema é que temos professores do quadro de escola que não conseguem mexer-se lá porque não há vagas e em simultâneo estão bloqueados na sua vida familiar e social», disse.
Sobre as preocupações de muitos pais com o facto dos filhos estarem a perder uma grande parte da componente letiva quando, em alguns casos, vivem anos fundamentais na sua formação, Alexandre Dias lembrou que «quase todos os professores são pais e avós» e «dedicaram a sua vida aos seus alunos e é por eles que não podem desistir, para que «o tempo dos alunos nas escolas seja de qualidade e para que seja feito um investimento sério na educação».
«Basta olhar para o Produto Interno Bruto e para o Orçamento de Estado para verificar que o investimento realizado na Educação tem sido meramente infraestrutural e que não há investimento nos recursos humanos», afirmou, acrescentando que «não podem haver professores de 2.ª, 3.ª, e 4.ª categorias, que só são contratados por necessidades pontuais».
Por seu turno, Lurdes Veiga, da FENPROF vincou que «a mensagem “Não paramos” encerra em sio símbolo da persistência dos professores».
«Estamos em maio e se continuamos com esta força é porque a classe se mobilizou e sente que as coisas não estão resolvidas», afirmou, acrescentando que as notícias ontem avançadas acerca da publicação da portaria das vagas para a vinculação de mais de 10 mil professores e o avanço do respetivo concurso, «não altera o formato e a dimensão da luta», sendo que o novo regime de concursos, promulgado pelo Presidente da República, «constitui «outra razão para prosseguir».
«A mensagem é absolutamente clara: “Não paramos” e “respeito”. Não precisamos de mais nenhuma palavra de ordem. “Respeito” para quem está e para o futuro, para aqueles que, esperemos, queiram vir a ser professores», afirmou.