OSalão Nobre da Câmara Municipal de Braga acolheu ontem a entrega do Grande Prémio de Literatura de Viagens Maria Ondina Braga 2022 a António Mega Ferreira, pelo livro “Crónicas Italianas”. Numa cerimónia marcada por ausências, incluindo do próprio galardoado, por motivos de doença, tanto a Associação Portuguesa de Escritores (APC), a Câmara Municipal, o júri e o premiado concordaram que este prémio não só leva o leitor a viajar por diferentes partes do mundo, dá a conhecer a escritora bracarense, como também prestigia e promove Braga como território de cultura.
Na entrega do prémio estiveram Ricardo Rio, presidente da Câmara de Braga e titular da pasta da Cultura; José Manuel Mendes, presidente da APC; e Annabela Rita, membro do júri. Guilherme de Oliveira Martins, presidente do júri justificou a ausência por estar, sensivelmente à mesma hora, na Assembleia da República, no âmbito das comemorações dos 200 anos da Constituição de 1822, «um documento extraordinário e importante», na ótica de José Manuel Mendes.
Aliás, o presidente da Associação Portuguesa de Escritores enalteceu o facto de, momentos antes, ter participado também na entrega do Prémio Victor de Sá, cujo centenário também se celebra este ano, tal como Maria Ondina Braga.
E sublinhou o «inegável» valor e prestígio do prémio, que tem cada vez mais concorrentes, muitos deles premiados.
Quanto ao vencedor do Grande Prémio de Literatura Maria Ondina Braga 2022, em mensagem lida pelo poeta José Manuel Mendes, lamentou e fez notar a «amarga ironia» do destino que a doença o tenha impedido de viajar até Braga para receber um «Prémio de Viagem».
Porém, não deixou de agradecer profundamente ao júri, à Câmara Municipal de Braga e à APC, pelo «valioso prémio», uma distinção que vale 12.500 euros.
António Mega Ferreira explicou que o livro é um conjunto de histórias, inspiradas em personagens reais e fictícias, por onde deambula e levra o leitor a diferentes parttes de Itália.
Annabela Rita sublinhou o facto de António Mega Ferreira levar os leitores e viajarem através do olhar do autor. «É sempre um gesto de abertura ao conhecimento». Lembrou que Maria Ondina Braga também esteve em Itália, em 1971. Espera que a obra completa de Maria Ondina Braga seja publicada em breve.
Galardão prestigia mais quem premeia do que o próprio premiado
Por seu turno, o presidente da Câmara de Braga regozijou-se com o sucesso do Grande Prémio de Literatura de Viagem m Maria Ondina Braga, concorrido por cada vez mais e melhores escritores portugueses.
Aliás, em jeito de elogio a António Mega Ferreira, Ricardo Rio considerou que neste caso, o galardoado prestigia mais quem premeia, ou seja, a Câmara de Braga, do que o próprio premiado, «um dos grandes vultos sa literatura portuguesa.
«Este prémio é já uma referência a nível nacional graças à parceria virtuosa entre o Município de Braga e a Associação Portuguesa de Escritores. É uma iniciativa que tem suscitado uma participação alargada e muito qualificada», destacou, realçando o facto de esta 5.ª edição ocorrer no centenário de nascimento de Maria Ondina.
Elogios do Júri à obra de Mega Ferreira
Recorde-se que o júri não poupou elogios à obra premiada de Mega Ferreira.
Já o tinha feito, na ata que justifica o prémio e voltou a fazê-lo ontem durante a entrega do cheque.
Diz o júri que na obra ‘Crónicas Italianas’, escolhida por unanimidade, «o autor dá-nos uma obra de grande qualidade literária, na qual a viagem se associa à grande literatura, à arte e à cultura e onde o clássico “Grand Tour” cede lugar à descoberta das narrativas ocultas nas cidades de Itália e ao diálogo que com elas estabeleceram turistas apaixonados e grande autores da cultura europeia como Stendhal, Rilke, Proust e Freud».
O juri recorda a paixão do autor por Itália, como se vê pelos outros dois livros sobre Itália. «Viver faz todo o sentido quando se conhece Roma».
Autor: Francisco de Assis