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Um "Jardim de Descobertas" para desvendar até outubro em Ponte de Lima

Um "Jardim de Descobertas" para desvendar até outubro em Ponte de Lima
Fotografia

Publicado em 07 de agosto de 2017, às 15:28

A 13.ª edição do Festival Internacional de Jardins acolhe trabalhos de artistas de três continentes, concretamente da Argentina, Brasil, Áustria, Itália, Holanda, Japão, Espanha e Portugal.

Até ao dia 31 de outubro, há 12 jardins por descobrir em Ponte de Lima. Criados por artistas oriundos de três continentes, os trabalhos resultam de um esforço criativo e inovador, caraterísticas que, aliás, marcam esta iniciativa que vai já na sua 13.ª edição. Sob o tema "Jardim das Descobertas", o Festival Internacional de Jardins de Ponte de Lima remete-nos para a época dos descobrimentos portugueses. Desta forma, logo após a entrada, encontramos o jardim da "Globalização das Plantas", uma proposta  que tem por base a ideia de permuta cultural que as plantas trouxeram durante as Descobertas. "A Descoberta dos Sentidos" é a proposta que se  segue. Aquando da sua projeção, os artistas pretenderam criar um espaço no qual os sentidos possam ser plenamente despertados, indo ao encontro de sons, gostos, sabores, texturas e cheiros. Já o "Jardim do Círculo" visa ser um espaço de paz interior, promovendo a tranquilidade de espírito. O "Jardim dos Sete Continentes" funciona como expedição, sendo os visitantes convidados a descobrirem os segredos dos continentes, entre tesouros escondidos. Já "Descobre a Descoberta" constitui-se um jardim idílico que convida a caminhar entre os canteiros coloridos e a subir a um miradouro do qual se poderá ter uma perspetiva mais abrangente do festival. Mais à frente, está "O Segredo", um jardim encoberto, oculto atrás de estruturas  que permitem a insinuação do que está no interior. Do lado de dentro, o visitante contacta com um mundo repleto de texturas, com cor, odor e som. "Um Jardim para Descobrir" é proposto como espaço propício para a descoberta do mundo e compreensão da realidade, primeiro acedendo ao mundo exterior e, depois, na descoberta da própria consciência individual. O jardim que se segue denomina-se "96 por cento" e transita da edição anterior por ter sido o mais votado pelo público. Trata-se de um trabalho que tem por base a ideia de que apenas conhecemos quatro por cento do que existe no planeta e universo. Já "Novaterra – Descobrindo um novo mundo" remete-nos para a descoberta do Brasil, em 1500. Nesta caravela portuguesa podem ser encontrados tesouros de vegetais em barris, bem como uma pequena praia tropical. "Inventionem Arcus – Descobrindo o Arco-Íris" é um anfiteatro que convida o visitante a descobrir as cores do arco-íris recorrendo apenas aos seus olhos. No "Jardim dos Quatro Elementos" o convite é o de experimentar o toque, o cheiro, o som e a visão. Por fim, n'"A Viagem das Descobertas" pode ver-se uma estrutura espelhada em forma de túnel, fechado para recriar o sentimento de recolha.  

Equipamento constitui uma «verdadeira alavanca da promoção do território»

  Uma «verdadeira alavanca da promoção do território». Foi desta forma que o presidente da Câmara Municipal de Ponte de Lima se referiu ao equipamento que, todos os anos, acolhe o Festival Internacional de Jardins. Em entrevista ao Diário do Minho, Victor Mendes  considerou que este é «um bom exemplo de que um jardim pode ser um fator de dinamização económica do concelho». Como exemplo, referiu a distinção atribuída em 2013, tendo o festival sido considerado o melhor do mundo na temática do Turismo ligado aos jardins. «Isto deveu-se ao enorme impacto  que este equipamento tem para a nossa economia, porque recebe em média cerca de cem mil visitantes», explicou. Recorde-se que, por todas as edições, já passaram mais de um milhão de pessoas e foram recebidas mais de 500 mil candidaturas. Um fator que leva o edil a considerar que este equipamento é dos poucos  a nível nacional que recebe uma quantidade tão grande de visitantes. Por outro lado, considerou que este possui retorno no que à qualidade de vida diz respeito, assim como do ponto de vista da promoção do território e em termos económicos, constituindo «um verdadeiro fator de atratividade e competitividade» no concelho. Para tal tem contribuído a crescente procura pelo festival, tanto no que respeita as candidaturas de artistas de vários pontos do globo, como os visitantes, muitos deles estrangeiros. «Obviamente que este é um trabalho que temos feito na promoção e investimento para trazer mais turistas, sejam eles nacionais ou internacionais, mas o facto é que este ano, tal como já tinha sido em 2016, temos tido uma afluência cada vez maior de estrangeiros, que são importantes para nós porque têm poder de compra, investem em Ponte de Lima e acabam por ficar mais dias», vincou Victor Mendes. Tal como explicou o presidente, esta tem sido a estratégia seguida noutras iniciativas, de modo a que os visitantes possam permanecer por mais dias no concelho usufruindo dos seus valores patrimoniais, gastronómicos e históricos, enriquecidos com ecovias, museus, áreas de paisagens protegidas, atividades desportivas e turismo náutico. «Temos um manacial de oportunidades para os que nos visitam e esse tem sido o nosso grande objetivo», referiu o edil. O objetivo, agora, passa por «procurar reforçar este projeto do ponto de vista da atratividade», extravasando as fronteiras do concelho de Ponte de Lima e do país, «sendo certo que este é um projeto já consolidado».  

Criatividade e inovação têm sido apostas ganhas

  Desde a sua primeira edição que o Festival Internacional de Jardins de Ponte de Lima se tem pautado por elevados níveis de criatividade e inovação. Tal como explicou Victor Mendes, este foi um dos grandes desafios que a organização teve de enfrentar, criando um evento que conciliasse os jardins à arte, «para não termos aqui um festival semelhante a muitos outros que seguramente não arrastariam tantos visitantes como este». «Felizmente que essa aposta foi conseguida. Fizemos aqui um trabalho de promoção no início, nomeadamente em países onde já existiam estes festivais com alguma experiência, mas também portugueses», explicou o presidente da autarquia, congratulando-se com o facto de os participantes terem percebido essa ideia, que abarca não só os jardins mas também questões ambientais, concretamente a reciclagem, já que muitos dos materiais utilizados podem ser adaptados posteriormente noutros jardins ou espaços. «Seguramente que aqueles que vêm uma vez virão mais vezes porque percebem que todos os anos, em função dos vários temas, têm aqui coisas únicas, o que permite ter experiências completamente diferentes. Este é  realmente um dos nossos grandes objetivos e temos conseguido. É também por isso que, ano após ano, temos tido cada vez mais candidaturas e visitantes», adiantou Victor Mendes. Estas caraterísticas têm valido ao Festival Internacional o reconhecimento de diversas entidades nacionais e internacionais, traduzidas na atribuição de prémios. Entre estes, a distinção “Europe for Festivals, Festivals for Europe” – EFFE Label 2017-2018 –, no corrente ano, e o "Prémio Garden Tourism Awards", integrado no evento internacional “2013 North American Garden Tourism Conference”, em Toronto, no Canadá.

Ampliação do espaço pode permitir aumentar jardins

  Um dos grandes propósitos da autarquia passa por ampliar a área do festival e, dessa forma, aumentar o número de jardins participantes para 16 no máximo, bem como o espaço de fruição pública para atividades de lazer. «Estamos a procurar negociar terrenos que confrontam atualmente com o festival, tendo em conta a sua dinâmica cada vez maior», adiantou o presidente da Câmara Municipal de Ponte de Lima, sublinhando, contudo, que esta tarefa «não tem sido fácil». «Mas não desistiremos para podermos continuar a implementar esta política de aposta forte nos jardins, nos espaços verdes e no ambiente», disse. A par do aumento do festival, esta ampliação visa ainda o crescimento da área livre para que os limianos e os que visitam o concelho «possam desfrutar de áreas verdes muito significativas». Segundo Victor Mendes, esta é uma prática que já vem sendo seguida em Ponte de Lima durante o seu mandato. Como exemplos, referiu a construção do Parque da Vila, com uma área de seis hectares de espaços verdes amplos com circuitos de manutenção e parques infantis, numa tentativa de promover hábitos de vida saudáveis.  

"Jardim das Escolinhas" sensibiliza os mais novos

  A par dos 12 jardins participantes, esta 13.ª edição do Festival Internacional de Jardins de Ponte de Lima dá a conhecer ao público um outro composto por 12 jardins, elaborado pelas crianças dos 12 Centros Educativos do concelho, envolvendo crianças do pré-escolar ao 1.º Ciclo do Ensino Básico. Esta ação, dinamizada pelo Serviço Educativo da Área Protegida e pela Câmara Municipal, vai já na sua terceira edição, dado o sucesso alcançado nos anos anteriores. Com esta participação, a organização do evento pretende incutir no público mais jovem o gosto pelo ambiente, promovendo, assim, a sua proteção. Um objetivo que já vem sendo perseguido nas diversas atividades realizadas, por exemplo, na Quinta Pedagógica. «Com estes projetos pretendemos que haja uma maior sensibilidade por parte das nossas crianças e jovens para a área ambiental, jardins e mundo rural. Foi nessa perspetiva que decidimos lançar este Festival das Escolinhas, que tem tido uma enorme aceitação por parte das crianças e do pessoal docente, funcionários, encarregados de educação e presidentes de juntas de freguesias», referiu Victor Mendes. Segundo o edil, toda a comunidade educativa se tem envolvido em torno deste projeto, nele participando ativamente. «É para nós muito gratificante ver aqui esse trabalho e é também um estímulo para aqueles que no dia a dia trabalham com as nossas crianças e jovens. É uma boa experiência na esperança de que, com este projeto, eles possam ser melhores cidadãos no que à defesa do ambiente diz respeito porque isso é fundamental do ponto de vista da preservação e valorização do ambiente, essencial e decisivo para a sobrevivência dos seres humanos e do planeta», vincou. Na mesma ótica, também Eva Barbosa, técnica responsável do Festival Internacional de Jardins de Ponte de Lima, considerou que o projeto que envolve os 12 Centros Educativos do concelho tem na sua base a transmissão de uma mensagem de contacto com a terra e com a natureza. Quanto a esta 13.ª edição, confessou que as expetativas são «elevadas», já que, ano após ano, a fasquia é aumentada. «Todos os anos fazemos com que seja melhor e para isso contribui a experiência que vamos adquirindo a cada edição. Já conhecemos melhor o comportamento dos materiais, e a reação das pessoas aos trabalhos e o que pode resultar melhor em termos de segurança», explicou.
Autor: Rita Cunha