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Caminhadas afirmam Vale do Tua como destino de turismo de natureza

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Fotografia Miguel Viegas

Luísa Teresa Ribeiro

Chefe de Redação

Publicado em 05 de maio de 2024, às 17:25

A segunda edição do Tua Walking Festival leva visitantes à descoberta deste território de Trás-os-Montes.

Caminhar em trilhos que serpenteiam por paisagens que figuram nos mais belos postais turísticos, fazer atividades aquáticas, observar aves no seu habitat natural ou descobrir as estrelas que brilham no céu escuro são algumas das propostas que fazem do Vale do Tua um paraíso para os amantes do turismo de natureza.

Para despertar o interesse pela descoberta desta região, o Parque Natural Regional do Vale do Tua (PNRVT) está a promover a segunda edição do Tua Walking Festival, um festival de caminhadas que, ao longo de cinco fins de semana, leva os participantes aos concelhos de Mirandela, Carrazeda de Ansiães, Vila Flor, Alijó e Murça, em Trás-os-Montes.

«O Tua está cada vez mais a afirmar-se como a capital do turismo de natureza», declarou o diretor do PNRVT, Artur Cascarejo, durante o arranque desta iniciativa, que decorreu em Mirandela, a 23 e 24 de março, com um seminário sobre “Pedestrianismo e Desenvolvimento dos Territórios”, no primeiro dia, e uma caminhada por um troço do Caminho Português de Santiago do Este e pelo PR3 MDL – Trilho Entre Rios, no segundo dia.

Apesar do aumento do número de vagas de 150 para 250 participantes verificado este ano, as atividades de Mirandela e de Carrazeda de Ansiães, as primeiras desta edição, tiveram lotação esgotada, consolidando o sucesso desta iniciativa como chamariz para a promoção das potencialidades desta área natural.

Com um programa organizado pela empresa de turismo de natureza PortugalNTN, em colaboração com os cinco municípios, o festival contempla um fim de semana de atividades em cada concelho, sendo o sábado dedicado a iniciativas culturais e recreativas e o domingo a uma caminhada num percurso pedestre homologado. O evento prossegue em Vila Flor a 25 e 26 de maio, já com lotação esgotada; em Alijó a 13, 14 e 15 de setembro; e em Murça a 5 e 6 de outubro.

O diretor do PNRVT explica que o pedestrianismo foi o primeiro produto de turismo de natureza implementado no território, com a criação de uma rede de 12 pequenas rotas, homologadas pela Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal

Este responsável diz que o investimento nos percursos pedestres foi «uma aposta de sucesso», seguida pelos municípios da área de abrangência do Parque Natural, que complementaram a oferta, com a criação das suas redes concelhias de trilhos. Estes percursos são também utilizados no Tua Walking Festival, mostrando a diversidade de opções que os visitantes podem explorar na região.

«O nosso objetivo inicial, quando estruturámos este produto de percursos pedestres distribuídos pelos cinco municípios, foi incentivar a prática de exercício físico, fundamental para a saúde, mas também ajudar a promover o desenvolvimento económico e social deste território», afirma.

Nessa linha, o formato escolhido para o programa foi a realização de um fim de semana em cada município, incentivando os participantes a pernoitarem na região.

«Acreditamos que devemos desenvolver produtos que verdadeiramente deixem retorno nos territórios. Para isso, queremos que as pessoas venham fazer as atividades e que permaneçam no território. Programas de um dia são curtos para atingir esse objetivo, daí estarmos a utilizar um modelo que alia o investimento que foi feito em infraestruturas com os recursos endógenos mais importantes do território», explica o responsável pela PortugalNTN, Domingos Pires.

Parque aposta na observação de aves e astroturismo

A participação nas caminhadas é uma oportunidade para os pedestrianistas ficarem a conhecer mais propostas de turismo de natureza existentes no Vale do Tua, designadamente os três circuitos de observação de aves (birdwatching).

Os percursos ornitológicos totalizam 250 quilómetros, podendo uma parte ser percorrida a pé, uma vez que coincide com a rede de percursos pedestres, e outra de carro.

Os circuitos têm estruturas de observação de aves, existindo sinalética implantada no terreno com orientações e informações sobre o que se pode observar.

Artur Cascarejo salienta também a aposta no astroturismo, com pontos de observação astronómica nos cinco municípios e a criação do destino “Dark Sky® Vale do Tua”. Este é o único parque natural do país certificado como “Destino Turístico Starlight”.

Para além da avaliação da qualidade dos céus e dos meios para garantir a sua proteção, o processo para a obtenção da certificação tem em conta o desenvolvimento de infraestruturas adequadas e atividades relacionadas com a oferta turística. Como refere o dirigente, esta atividade é importante para o setor do alojamento, uma vez que as pessoas ficam a dormir na região depois da observação das estrelas.

«Através do Tua Walking Festival, das atividades de birdwatching e do astroturismo, em associação com iniciativas de cariz cultural, promovemos o território do ponto de paisagístico, cultural, patrimonial, sempre numa lógica de conservação da natureza e da biodiversidade», resume o diretor do Parque Natural.

Na edição deste ano, foi possível fazer a inscrição em simultâneo para os cinco momentos do festival de caminhadas, tendo sido oferecido um chapéu panamá aos participantes que usaram essa possibilidade.

Como prática ecológica, foi implementada a distribuição de água ao longo do percurso, para os pedestrianistas encherem os seus cantis, evitando garrafas de plástico.

As inscrições para a restantes inciativas do festival podem ser feitas aqui.

Parque canaliza riqueza para o território

O Parque Natural Regional do Vale do Tua (PNRVT) foi criado em 2013 como medida compensatória pela construção do aproveitamento hidroelétrico de Foz Tua, sendo um instrumento de canalização de riqueza para o território.

O financiamento do seu orçamento é garantido por uma fórmula estipulada na Declaração de Impacte Ambiental da barragem. A verba varia consoante a produção elétrica de cada ano, não podendo ser inferior a 350 mil euros. No ano passado, o valor ascendeu a 450 mil euros.

«Se o Parque Natural não existisse, a verba que a empresa tem de pagar ao Estado pela exploração do aproveitamento hidroelétrico ia toda para Lisboa, para o Fundo Ambiental. Com a existência do Parque, uma parte desse valor fica no território, para em conjunto com os municípios e as empresas da região continuarmos a resistir e a dizer que vale a pena viver no Vale do Tua», afirma o diretor, Artur Cascarejo.

O PNRVT foi pioneiro na implementação da cogestão, envolvendo as autarquias na gestão da área protegida. A instituição privilegia o trabalho em rede com municípios, juntas, associações locais e empresas, de forma a potenciar os investimentos.

 

Novo Governo instado a avançar com plano de mobilidade

O novo Governo é desafiado a avançar com o Plano de Mobilidade do Vale do Tua, a principal medida compensatória pela construção da barragem de Foz Tua, mas que tarda em concretizar-se, apesar de sido feito um investimento de 17 milhões de euros.

O diretor do Parque Natural Regional do Vale do Tua, Artur Cascarejo, lembra que esta é «uma dívida do Estado central para com o território» inscrita na Declaração de Impacte Ambiental, que tem de ser cumprida, tendo já sido feita a recuperação da linha férrea.

«O Governo anterior dizia que a ferrovia era uma aposta estruturante. Até por razões ambientais, penso que o novo Governo deverá continuar com esta aposta. A renovação da ferrovia podia começar por aqui, porque o grosso do investimento está feito», afirma, manifestando a expectativa que o executivo de Luís Montenegro «resolva de uma vez por todas» esta questão.